quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

UM POEMA DE IACYR ANDERSON FREITAS


PASSAGEM

apenas isto: uma luz
que nos deixasse,

um sopro, algo
leve, imperceptível

até e, após,
um silêncio, um silêncio

tão profundo
que, dentro, ouvíssemos

um tambor, a própria
terra (agora posta

em corpo, agora
percutindo nos ossos,

em nosso corpo)
isto apenas

e o esquecimento
dos dias, a treva

consumida em treva
e assombro e cal,

nenhuma carta,
nenhum aceno,

somente o manto
escuro desses seixos

e o sigilo sob a terra
que fugia

Poema do livro Quaradouro. Ed. Nankin

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