(Paul Klee)
Flagrem-se os mistérios.
Do vidro, do espelho, do sonho.
Dos
cemitérios.
Flagrem-se negras noches y blancos días
quadrinizados pela primeira vez no
extraordinário e antiquíssimo calendário abstrato xadrez,
em que
se põe em jogo nossos sueños -
todos - y
agonias.
Flagre-se o horizonte, que –
quando chega - quica na mente e é outro,
distante,
como
cada amanhã quica a cada manhã,
e é
outro,
adiante,
ao
tempo em que o que é hoje,
quica
pra trás
e é
ontem,
tudo tão louco quanto,
do barco - que parece parado –
ver o cais que chega,
pesado,
tão droga na veia quanto ponteiros mostrando, na
lua cheia,
que são
três e meia,
ou
arte,
cujo fim põe o arremesso,
o
começo,
onde se
sabe - sem receio - estar a verdade:
no
meio,
arte – sem véu:
círculo
branco,
que é
lua,
se em
campo azul,
que é o
céu.
Flagre-se o rio,
que vem no planalto,
e tem,
de repente,
o susto,
salto,
e,
do fundo,
volta,
vê o mundo
e segue,
aos trambolhões,
na planície,
até que a normalidade lhe volte
à superfície,
entre mármores e granitos de
atlântidas,
babilônias e
egitos,
enquanto o geométrico plantio
cada vez mais constrange a indisciplinada mata,
até onde a vista abrange,
e a encurrala,
cada vez mais rala,
e a mata.
Flagre-se
a transição da vigília – com fome - ao sono,
quando,
por
exemplo,
a onda
se ergue de surpresa - grande e negra – cheia de garras e presas,
contra
o dólmen,
que é –
de fato – feto do templo
do Homem.
Aí o fogo se eleva,
queimando a treva.
Flagrem-se
os teus olhos – com teus universos – correndo por estes versos como num aqueduto,
ou como
trem, célere, num viaduto,
a sombra a se precipitar,
encosta
abaixo,
pro vão
nas pedras, nas quais salta – numa zoada
de sismo - do close pro abismo,
em que
trepida nas lápides, lépido,
e,
ziguezagueando rápido,
sobe,
do outro lado,
pela pedreira,
na barulheira estúpida,
até ver,
no alucinatório movimento giratório dos braços
de aço que se esfalfam nas rodas da ativa locomotiva,
o Tempo à toda,
em busca do Espaço em que se
possa - em paranoia – ter a destruição
de Ílion,
Tróia
de Virgílio,
Spartacus
crucificado entre os pinheiros da Via Ápia -
entre Roma e Cápua -,
ao lado de seus companheiros,
a zoom agora em Ulisses – com
nome de Bloom - na odisseia incomum da
ideia, em 1904,
de que Joyce faz o retrato,
a luz,
então, sobre Quixote e seu ogro, que são Gordo e o Magro e – de repente – são esguio
e dourado androide, mais o roliço e
baixote esquizoide,
figuras
que somente iremos vê-las
na guerra
das estrelas,
o tempo do vento fazendo girar
os ponteiros loucos do moinho,
que não são poucos,
daí Metropolis cheia de aviões entre
elevados com trens e automóveis correndo pra todos os lados,
como as
atuais megalópoles,
ou a
pintura – inesperada, em ruínas cheias
de epopeias – da jarra de vidro com água de coco,
em Pompeia,
ou a
tira em quadrinhos de ação contínua que vai em caracol, do chão ao sol, na
coluna que é sintoma da grandeza de Trajano,
em
Roma,
na qual
milhares de soldados
em
sólido 3-D,
superam
– na superprodução – os milhares de
guerreiros chins,
de
terracota,
em
tamanho natural,
do
imperador Qin,
e a Evolução sofre a
revolução:
onde o início,
o fim?
Amei!...
ResponderExcluirposso convida-lo a visitar meu blog?
ResponderExcluirhttp://almeritania.blogspot.com.br/