domingo, 24 de junho de 2012

LORD BYRON: POEMA





LINHAS INSCRITAS NUMA COPA FORMADA DUM CRÂNIO


Não fujas– nem pense meu espírito fugido:
Observas em mim o único crânio,
Do qual, diferente dos que têm vivido,
Tudo quanto flui nunca é insano.

Eu amei, vivi, bebi, e como tu: eu morri:
Pra se resignarem soterra os ossos meus;
Completa – me injuriar não vais conseguir;
O verme tem lábios mais podres que os teus.

É melhor manter as uvas espumantes,
Que do verme nutrir a ninhada-porcaria;
E circular o cálice que é transbordante
Da bebida dos deuses, que o que os répteis sacia.

Talvez onde outrora cintilou minha mente,
Pra ajudar os outros agora brilhe o odre;
E quando, ai! os cérebros já não mais sentem,
Qual o substituto que o vinho mais nobre?

Beba enquanto podes: uma outra raça,
Quando tu e os teus, como eu, houverdes ido,
Poderá te resgatar da terra que te abraça,
E rimar e foliar com os falecidos.

Por que não? se através dos poucos dias de vida
Das nossas cabeças tristezas são formadas;
Redimidas dos vermes e da argila temida,
Esta é a chance de serem usadas.



(Tradução: Joedson Adriano)



Lines Inscribed Upon A Cup Formed From A Skull



Start not—nor deem my spirit fled:
In me behold the only skull
From which, unlike a living head,
Whatever flows is never dull.

I lived, I loved, I quaffed like thee;
I died: let earth my bones resign:
Fill up—thou canst not injure me;
The worm hath fouler lips than thine.

Better to hold the sparkling grape
Than nurse the earthworm's slimy brood,
And circle in the goblet's shape
The drink of gods than reptile's food.

Where once my wit, perchance, hath shone,
In aid of others' let me shine;
And when, alas! our brains are gone,
What nobler substitute than wine?

Quaff while thou canst; another race,
When thou and thine like me are sped,
May rescue thee from earth's embrace,
And rhyme and revel with the dead.

Why not—since through life's little day
Our heads such sad effects produce?
Redeemed from worms and wasting clay,
This chance is theirs to be of use.


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