quarta-feira, 11 de abril de 2012

W.J.SOLHA: MARCO DO MUNDO EXCERTO VII


(William Blake)

Cabe ao Poeta,
portanto,
avançar,
intrépido,
na página em branco.


E assim é que ele conduz o Marco,
que desde o espelho em preto e branco e do close em bronze,
cresce em luz,

até que ele se dá um tempo entre flamingos e gringos  - só de domingos - após a criação da série de vitrais magistrais,
que serão trailers do Jardim Fechado, Hortus Conclusus, Enclosed Garden, Huerto Cerrado,
no qual the days of wine and roses significarão  que
no piso three eight four nine,
el sueño, até então considerado  inalcanzable,
de unir o desejo - art du diable - com the divine,
será,
finalmente,
alcançado,
no espaço fora do tempo,
extraordinário,
em que un variegato universo simbolico confonde Il reale e
l’immaginario,
l´espace utérin
que somente le Verbe  divin
peut traverser
sans le  violer.   

Daí pra cima
o Marco se abre,
em titânio, zircônio e rima,
em mil atalhos – como que... atos falhos  - galhos,
entre as revoadas coreográficas, taquigráficas, das aves... e naves,
cujas velas, amplos ventos sem freios
inflam com muitos seios,
todas trazendo na ilharga cargas de rios ( vidrados de frio ),
além de safras afras, cores sem flores, centenas de escadarias (cascatas de correrias ),
lagos na vertical, em concelho:
espelhos.


As nuvens,
sem sustentar,
mais,
a magia do mais-leve-do-que-o-ar
trovejam,
produzem flashes que flagram cada pingo que, de repente, passa a ter peso e a se precipitar, obeso, pra solidão do chão - que se vai pro nascente e de lá vem céu ( que se vai pro poente e de lá vem chão ),
e a chuva cai,
ai,
pros bons e pros maus,
servindo-nos,
igualitariamente,
como os clipes, cotonetes, verbetes, alfinetes,
degraus.


Daí que
Existe Deus,
diz o Poeta.
E completa:
Não como Cronos no trono,
mas como o Tempo:
sem... templo.

E é para ele que estende,
então,
a pista de circunvalación,
e,
de dentro do centro de la bruma de los siglos,
           faz emergir la Custodia de plata y oro em que o Sol esplende.

Assim,

pela primeira vez, desde que o Natal do Sol Invicto revelou-se solstício, que as trevas – mesmo as mais deprimentes, prementes, dementes – sabem que o Sol é a Luz do Mundo, a
Lux
Mentis
sem a qual
todo ego é cego.



o Poeta,
dando por encerrada a obra,
dela se arreda
e se queda,
contra todas as normas,
em absoluta adoração
da Forma!
                                                                             




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