LEITURAS (A PEDRA DE BABEL)
Se um dos postulados teóricos da
fenomenologia é de que a consciência encontra-se sempre em um processo de
intencionalidade, ou seja, o “eu” sempre em referência a “algo”, o livro A
pedra de Babel, do romancista e filósofo Edilson Pantoja, nos mostra a
problemática presente em um dos pilares do pensamento contemporâneo: destituído
de seus alicerces metafísicos, como pode a consciência não perder-se em seu
próprio labirinto de significação? Uma busca fadada ao malogro devido à ausência
de uma referência transcendente, de um sentido Absoluto que justifique os atos
humanos em seu permanente anseio de completude semântica. A pedra de Babel,
epopéia da solidão pós-metafísica, mostra-se como uma narrativa do niilismo; uma
perspectiva filosófica próxima ao pensador alemão Nietzsche. O homem deve
buscar a única “oferta possível de sentido”, a arte em sua transfiguração
existencial. Um livro denso, por tratar de forma literária uma das maiores
questões do século: o que fazer do homem sem a principal característica
que paradoxalmente o definiria em sua essência: a transcendência?
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