quarta-feira, 30 de maio de 2012

IVAN EUGÊNIO DA CUNHA: POEMA


(Edward Burne-Jones)


Derradeiro Leito

Oh! céu da eterna noite escura!
Oh! mares fartos de pesares!
Tão triste vara pelos ares;
Meu canto cheio de amargura.

Se mais não tenho uma ventura,
Se mais não calmo são os mares,
Boa sorte é se mil azares;
Me atarem firme à morte dura.

Ah! que estes mares agitados;
Aceitem ser meu triste leito,
Guardando sonhos maculados,

E, num tormento mais violento,
Enfim arranquem de meu peito;
Amor, saudade e sofrimento.


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