(Caravaggio)
Discurso para o cadáver
Teus olhos
não mentem,
essa simplicidade
em dizer:
tão breve, a vida –
enquanto saturamos
o ar
com subterfúgios
e preces.
Do exato
ponto
que se parte
– se esquece–
o espectro
da carne
–
do irremediável.
Da carne
à cinza,
do torrão de
terra
ao desprezível
mármore
– questão alheia –
(prevalecerá a vontade
do
Universo.)
Que os vivos
tratem da espessura
das trevas.
A você, o privilégio
da dimensão
onde se plantam flores.
Agradeço
a sinceridade
azul
em teus dedos
ao lançar os dados
que julgarão
os versos
impossíveis.
E o que disse
da memória ...
A memória sem lar,
desnecessária,
posto a ausência
cúmplice.
Se pudesse
te acenderia um cigarro...
Deixaria a guimba
pendurada
em teus lábios.
(Como é bela e
inútil
a última
centelha...)
Logo
chegarão.
(A boca aberta da cidade
despeja
suas crias.)
Vestirei a máscara
e restarei
um momento – breve –
(o tempo de observar a indecisão
das chamas perante o choro
humano.)
Vitoria, 05 de maio de 2012
Étriste mais em breve todos os recitantes serao ouvintes. Excelente trabalho cara.
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