sexta-feira, 18 de maio de 2012

CLÁUDIO NEVES: POEMA


(Modigliani)


DUPLO

Eu finjo ser quem fui,
porquanto assim me seja
real ser o que frui
e não quem o deseja.

Eu tento ser quem era
somente porque é belo
e inútil, e desespera
tentar ser mais do que sê-lo.

Finjo sempre nesta hora
de crepúsculo incompleto
em que duvido se é minha
a sombra azul que projeto.

     


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