domingo, 15 de julho de 2012

SOMBRA E VOLÚPIA DAS PEQUENAS FLORES V - DIEGO TARDIVO


(Jean Delville)


V

De todos os flósculos desgarrar-se-ão as sementes da jovem beatitude. Envolto pelas auroras indistintas em cuja maravilha foi desterrada a supremacia dos deuses transbordante, caminhei com o suor escorrendo-me pelo rosto e convertendo-se em gotículas de pérolas sazonadas. Então, ó harpas tão sutis e acessuais, fazei-me à semelhança de vossas mais infames notas!
Acalentai por meu espírito alívio, e doçura para a legião dos ícones de cristal! Ride para mim, ó harpas da salvação! Ride para mim  e eu inundarei vossos soluços com as lágrimas de meu júbilo!
- Aos chineiros cavalos lucila um cântico que, de se repetir interminavelmente, reacende o fogo dizimado pelo amor das donzelinhas. Dias e noites contados! Em extremas redomas de barganhas ferem-se os irmãos acometidos por todas as graças de emoções luzidias, fugidias... escapar-me-ão, quantas esperanças devastadas! Quantos pesadelos e belos tronos amontoam-se num assombroso quadro de seca letargia! Vós que sois tacanhos demais para com a vida – não sabeis com que furor a água há de nos invadir... fresca, límpida, saborosa, transparente e amistosa.
A mente censura o que o coração não compreende. Não me daria ao pesar de uma árvore inclemente se não estivesse seguro de sua breve soberania.


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