(Enrico Bianco)
A PALAVRA POESIA, POR
EXEMPLO
A palavra poesia, por exemplo,
roubada à sua forma dicionária,
não pode vigorar mais que um momento
se não se refletir no olhar de Mária.
E Mária, que se esquece, por completo
descuido ou prazer (quem tem certeza?)
de levar-se ao deixar as redondezas,
aos poucos, dando motes ao desejo,
recobre a superfície do planeta.
Por muito repetir-se em aquarelas,
vitrais, pessoas, gestos, sons e ruas,
sua forma sendo tantas, coisa alguma
a retém. Ela não cabe de uma vez
na memória – e ainda há mais Mária out of space.
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