terça-feira, 5 de junho de 2012

MAJELA COLARES: POEMA


(Edward Burne-Jones)


MINHA LENDA


Tisnam o ar    a poeira e o enxofre –
invadem os poros, a carne, o sangue

inundam a água ébria que escorre
na boca amarga, enorme do homem

turvas palavras assombram os céus
saltando do homem, da boca enorme

é dia, é noite... em olhos de breu
incerto amanhã na mente que sofre

desce o futuro veloz, busca o ventre...
último sopro de vida que resta

ressurge a morte nas dobras do vento
passado e presente... tempo deserto

dormi e sonhei, vi isto, sim, vi!
A minha retina agora e pra sempre

não vai esquecer a imagem de mim
perdido entre cinzas – sol já poente...

um gesto surgiu em meio à poeira
em forma de mão, o gesto me acena

segui o sinal – quem sabe  – pensei
a ultima flor, talvez, dessa lenda



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