sábado, 23 de junho de 2012

ALEXEI BUENO: POEMA


(Monet)



CONSTATAÇÃO

Corrente de amanhãs, vício de auroras.
Outro dia, outro dia, outro, por quê?
Agoras a exigir outros agoras,
Barco sem mapa, cais que não se vê.

No alto, a bandeira rota, e o lema: até.
Tudo incompleto. As horas, mães das horas,
Partindo inúteis. Novas, as escoras
Certas que a torre lhes cairá ao pé.

Ser fragmento, ser caco, ser a corda
Que não se amarra em nada, o elo partido,
O escorrer puro, o rio sem sentido,

A mão que segue adiante e nada aborda,
O que não é daqui, o que é a loucura
E o orgulho de seguir na selva escura.



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