(Cézanne)
ENIGMA
Certo mistério existe, indesvendado,
Escrito há eras sem conta, sobre os céus,
Por uma mão, talvez a mão de Deus,
Ressoando no criado e no incriado.
Para entendê-lo, deste e do outro lado
De tudo, angustiados como réus,
Demônios e anjos chocam-se nos seus
Vórtices, sem nenhum outro cuidado.
À volta dele os seres e as esferas
Inutilmente orbitam pelas eras
Na ânsia de desvelar a eles imposta.
Revolvem-se em legiões desamparadas,
Enquanto aqui, na noite, entre as calçadas,
És, e somente tu, sua resposta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário