(Cézanne)
POETA NÃO SE DEFINE
Poeta não se define: é um ser à
parte.
De homem se veste, de animal
caminha,
mas algo nele de anjo se avizinha
quando em fatias brancas se
reparte.
Cheira o pão de seus versos;
faz-se arte
pela dor que humaniza e que
espezinha;
não a dor do egoísmo, a dor
mesquinha,
mas a dor que se empluma no
estandarte.
Pode ser o domingo que se anula,
um galgo que tropeça, o lenço
esgarço
que, sendo de Marília, ainda
tremula.
Para si mesmo estranho ele se enigma,
avesso ao paletó, caderno
esparso,
nada o liberta, nunca, desse
estigma.
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