domingo, 28 de fevereiro de 2010

UM SONETO DE CRUZ E SOUSA

(El Greco)



TORTURA ETERNA

Impotência cruel, ó vã tortura!
Ó Força inútil, ansiedade humana!
Ó círculos dantescos da loucura!
Ó luta, ó luta secular, insana!

Que tu não possas, Alma soberana,
Perpetuamente refulgir na Altura,
Na Aleluia da Luz, na clara Hosana
Do Sol, cantar, imortalmente pura.

Que tu não possas, Sentimento ardente,
Viver, vibrar nos brilhos do ar fremente,
Por entre as chamas, os clarões supernos.

Ó Sons intraduzíveis, Formas, Cores!...
Ah! que eu não possa eternizar as dores
Nos bronzes e nos mármores eternos!


Missal, Broqueis. Ed. Martins Fontes

2 comentários:

  1. Elevado canto à Eternidade. Grande força possui esse poema de Cruz e Souza. Lindo soneto!

    abraços.

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  2. Um dos grandes poetas de nosso país! Nem sempre lembrado. Abraço.

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