segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

UM POEMA DE PAUL ÉLUARD

(Paul Klee)
Revenir dans une ville de velours et de porcelaine, les fenêtres seront des vases où les fleurs, qui auront quitté la terre, montreront la lumière telle qu’elle est.

Voir le silence, lui donner un baiser sur les lèvres et les toits de la ville seront de beaux oiseaux mélancoliques, aux ailes décharnées.

Ne plus aimer que la douceur et l’immobilité à l’ceil de plâtre, au front de nacre, à l’ceil absent, au front vivant, aux mains qui, sans se fermer, gardent tout sur leurs balances, les plus justes du monde, invariables, toujours exactes.

Le coeur de l’homme ne rougira plus, il ne se perdra plus, je reviens de moi-même, de toute éternité.
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Retornar a uma cidade de veludo e porcelana, as janelas serão dos vasos onde as flores, que terão deixado a terra, mostrarão a luz tal como ela é.

Ver o silêncio, beijar-lhe os lábios e os telhados da cidade serão dos belos pássaros melancólicos, de asas descarnadas.

Amar apenas a doçura e a imobilidade no olho de gesso, na fronte de nácar, no olho ausente, na fronte viva, nas mãos as quais, sem se fechar, guardam tudo sobre suas balanças, os mais justos do mundo, invariáveis, sempre exatos.

O coração do homem não ruborizará mais, não se perderá mais, eu volto de mim mesmo, de toda a eternidade.

Tradução: Virna Teixeira

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