quarta-feira, 11 de abril de 2012

W.J.SOLHA: MARCO DO MUNDO EXCERTO V


(Edward Burne-Jones)


Pelo Livro dos Jubileus,  de São Miguel Arcanjo,
invenção  dos judeus,
se juntarmos o Burj Khalifa às Petronas Towers, Jin Building e Sears Tower,
teremos,
contra o céu
o equivalente à Babel.


E,
como assim se permite  que seja o céu o limite,
o Poeta,
travesso e possesso,
apressa o processo,
fazendo com que as pétalas aflorem dos cálices das flores,
cúmplices
e transbordem feito champanhe,
e com que as árvores do Marco – sem o que as acanhe – cresçam, floresçam e tenham seus filhos,
feito trens que não erram na treva,
graças aos trilhos.
Na mesma leva,
avia os voos em ovos,
adivinha novos vinhos em vinhas,
vê pintos de um dia com sanha de rinhas,
põe a eletricidade nos genes - sui generis - dos bondes puxados a burro e de lampiões a gás,
ele põe os genes da guerra
na paz.

Põe,
no futuro,
como mais um sinal,
bustos como que de bronze, pedra ou pau,
mas na verdade hologramas duros,
com medula,
como os de Horatius Flaccus,  Caetano e Gal,
e Cornelius Sulla.


Aí,
pela primeira vez – no milésimo andar – acontece que uma bandeira é exposta ao vento e a geometria amolece,
do mesmo modo singelo com que a foice altera o martelo e Iago adultera Otelo,                 


ao tempo em que,
de faróis acesos,
milhares de carros - novos e polidos - passam,
dos contêineres pro centro da Torre,
ao solo de clarineta ( da Rhapsody in Blue ),
all is truth,
que sobe,
arquitetônico,
do subsolo,
com arranha-céus
icônicos,
e é o canyon da Quinta Avenida,  
toda produzida,
exatamente quando nela acontece a invasão, fora de praxe,
de mulheres de Fellini,
imagine,
nas lojas da Cartier,  Tiffany, De Beers, Versace,
como se ali fosse La Città delle Donne,                   
ou La Cinecittà,
de Roma.

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