quinta-feira, 5 de abril de 2012

FELIPE STEFANI: POEMA


(Joan Ponç)


MANHÃ

As barcas ao amanhecer ,
cortando as ondas,
trazem no traço de espumas,
os silêncios do nunca.

Pesa o estremecer do meu vulto
contra essa flauta muda.

O sutil rumor da engrenagem
estala
inaudito infinito.
A cidade passa ao fundo.

Lembrarei essa verdade silente
na tarde,
como uma fenda no sono da vida,
a monstruosa existência dos dias,
que meu vulto abriga.

As barcas e seu silêncio imenso
ao amanhecer.




***

Sydney, Setembro 2010

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