UMA VOZ DE MUEZIM
passa pelas pirâmides
de Quéops,
Quéfren e Miquerinos
e eu a sigo
como uma andorinha na boca do
deserto.
A noite tomba sobre a cidadela do
Cairo.
Aguardam-me amanhã
tumbas de faraós, façanhas
que há muito espantam
meus irremissíveis olhos
escolares.
Já deveria ter-me acostumado
de tanto haver queimado
a retina em pergaminhos
e esfolado a alma
nas pedras ásperas da história.
À beira do deserto, à noite
aguardo
uma outra voz
um outro canto
que com o orvalho da manhã
recomponha
meu fatigado coração.
Sísifo desce a montanha. Ed. Rocco.
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