quarta-feira, 11 de abril de 2012

W.J.SOLHA: MARCO DO MUNDO EXCERTO II


(Bosch)

O rio,
que passa sob a ponte em que a farândola avança,
entra na base da Torre
e,
inseguro,
se lança,
no escuro,
até o vão que se abre em seu leito,
como que de Procusto,
e então cai,
branco de susto, 
no oco do mundo,
até a desintegração... tétrica... sobre centenas de turbinas
de gigantesca hidrelétrica.


E aí há um pouso de anjos (com asas como mãos postas às costas).

Há um peixe que nada no nada,
e um homem, 
com flecha no ânus ( parece que sem grandes danos),
que desce uma escada.

    Um polvo move os tentáculos
    e sobe,
aos arrancos,
no belo espetáculo pra saltimbancos,
em que se incluem fumaça e certo ar de ameaça.
    
E há o desfile da cáfila
andrófila,
que segue – quando consegue -  um bode albino ( com grou e pavão no cachaço ),                                                  
levado por um menino.

O diabo, 
levado da breca,
bate o pé e toca rabeca,
e, de seu baço, a cada compasso, salta-lhe um Bute, que leva seu chute,
salta-lhe um Fute,
que o pega no muque e logo o deglute.

E Calderón pregunta, 
risueño:


¿Qué es la vida?


Sueño.



Nenhum comentário:

Postar um comentário