(Jan van Eyck)
NA BOCA DO DESERTO
Estava indo, há muito, para o
deserto
e não sabia.
Antes, ao revés, julgava caminhar
das pedras para o bosque
lugar de onde o mel e o vinho
jorrariam.
Bastava fazer a travessia.
Em alguma parte passei por algum
oásis
mas era para este destino de
pedra
silêncio e pasmo
que me dirigia.
Os beduínos há muito
compreenderam
o que eu não compreendia:
apenas nos momentos entre pedras,
cabras e camelos
olhando ternamente o fim do dia.
A tenda é provisória.
Eterno
só o áspero horizonte de pedra
e a poesia.
Sísifo desce a montanha. Ed. Rocco.
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