(Edward Burne-Jones)
Sente-se,
no entanto,
o Poeta - mais do que a fêmea - alma gêmea da Terra,
florindo,
produzindo cantos, leões,
além de libélulas,
versos, faisões
e,
novamente,
trovões
que passam - em nuvens - pela estrutura dura,
da construção,
como heróis pela aventura,
até que se retêm na vidraça,
que um simples olhar ... ultrapaça.
Aí,
num dia
sobre quatro noites macias,
chega o Imortal
e diz,
teatral:
Por que,
milênios após Homero,
parte pra essa obra,
se o que existe no mundo, em versos,
já sobra?
O fato de que a moça não pode,
mais,
ser menina,
e de que Inês é morta
é mais do que você suporta?
Por que versos
se nesse universo,
dos mais temidos,
colinas já estão niveladas
e os vales bem preenchidos?
Não vê que o poeta é um deus...
com templos que já são museus?
Não vê que, feito impressora, ele faz cópia de cópias de versos de tempos idos,
a que ninguém,
mais,
dá ouvidos,
porque Álef - Boi – já tem todos
os bois, e Beth – Casa - todas as casas,
e que o script, stricto sensu - enciclopédica e criticamente denso - está escrito,
e
o que não está,
proscrito?
O Poeta,
no entanto,
diz que,
se não verseja,
sente-se o
K. de Kafka:
enquadrado numa lei
que não foi pra gráfica
... e que Beth
segue Álef como Cão segue Gatilho,
e a diferença entre Mickey e
Minnie pode ser, só, de cílios.
De todo jeito,
nada parece mais solto
do que um planeta,
que jamais foi livre.
É,
mas a Terra
vive...
...
e eu vi a originalidade – apesar dos is - agarrada à unha por arquitetos art nouveau, como Domènech i Montanes
e
Gaudí i
Cornet,
na
Catalunha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário