quarta-feira, 11 de abril de 2012

W.J.SOLHA: MARCO DO MUNDO EXCERTO IV


(Edward Burne-Jones)

Sente-se,
no entanto,
o Poeta - mais do que a fêmea - alma gêmea da Terra,
florindo, produzindo cantos, leões,
além de libélulas, versos, faisões
e,
novamente,
trovões
que passam - em nuvens - pela estrutura dura,
da construção,
como heróis pela aventura,
até que se retêm na vidraça,
que um simples olhar ...  ultrapaça.                      

Aí,
num dia
sobre quatro  noites macias,
chega o Imortal

e diz,
teatral:

Por que,
milênios após Homero,
parte pra essa obra,
se o que existe no mundo, em versos,  
já sobra?

O fato de que a moça não pode,
mais,
ser menina,
e de que Inês é morta
é mais do que você suporta?

Por que versos
se nesse universo,
dos mais temidos,
colinas já estão niveladas
e os vales bem preenchidos?

Não vê que o poeta  é um deus...  com templos que já são museus?

Não vê que, feito impressora, ele faz cópia de cópias de versos de  tempos idos,                                                                                  
a que ninguém,
mais,
dá ouvidos,
porque Álef  - Boi – já tem todos os bois,  e Beth – Casa -  todas as casas,
e que o script, stricto sensu - enciclopédica e criticamente denso -  está escrito,
e
o que não está,
proscrito?



O Poeta,
no entanto,
diz que,
se não verseja,
sente-se o K. de Kafka:
enquadrado numa lei
que não foi pra gráfica      

... e que Beth segue Álef como  Cão segue Gatilho,
e a diferença entre Mickey e Minnie pode ser, só, de cílios.

De todo jeito,
nada parece mais solto do que um planeta,
que jamais foi livre.

É,
mas a Terra 
vive...

... e eu vi a originalidade – apesar dos is - agarrada à unha por arquitetos art nouveau,  como Domènech i Montanes
e Gaudí i Cornet,
na Catalunha.


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