quarta-feira, 11 de abril de 2012

W.J.SOLHA: MARCO DO MUNDO EXCERTO I


(Pieter Brueghel)


Abre-se o abismo de pedra e susto
e,
de cristal e prata,                                                                                                      
duzentas e setenta cataratas,
como as de Foz do Iguaçu, na Garganta do Diabo,
cavam, sem problema, a fundação do  poema,
com grande largura,

... mas sem descer cem metros no chão da literatura.

Sendo,
então,
a Foz,
na profundidade,
pouca,
The Angel Falls,
da Venezuela,
com sua milha louca,
é a opção.
Mas é à Queda de Lúcifer
propriamente dita
e a seu eclipse
no Apocalipse,
que o Poeta – nela espelhado - se apega,
      no lapso em que o afrontoso, presunçoso anjo, arrasta a Virgem - de quem quer  o Filho - na réstia da Via Láctea,
mas é detido na vertigem ciclônica da estelar rosácea,
pelos clarins,  
clarões,
trompas,
trombetas,
trovões
e toques de rebate,
de São Miguel Arcanjo, que avança pro combate,
mais o irado exército alado,
ao que Lúcifer se ouriça,
mar agitado,
terra tremente,
céu de tormenta,
na liça,
e o encontro entre os dois estronda, um milhão de vezes mais poderoso do que o de Mormionda,
até que,
no sismo,
cai o “Portador da Luz” como estrela
e abre-se um poço no abismo.



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