quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

UM POEMA DE LUIS GARCÍA MONTERO TRADUZIDO PELO POETA JORGE ELIAS NETO

(Ismael Nery)


Irene


¿ Conoces ya la tinta meditativa

de la primera luz?

Mira el esfuerzo

que en la copa más alta del bosque más oscuro

raya un momento, avisa y mientras cae

forma la claridad.

Así comienza el dia.

Así también, contigo,

cobran todas las cosas

um impreciso afán por empezar de nuevo,

por ser tu compañia

quando el tiempo aparezca.



Y no es el mecanismo

oxidado de um tren lo que se mueve,

ni las maderas de la barca

están secas aún. No en todas las historias

el tiempo necesita la nostalgia.



Pero tiene la luz recuerdos que son nuestros.

Van a bajar los dioses de sus libros,

Alguien descubrirá que el mundo es navegable,

habrá dias y noches, y em la luna

de lo ya sucedido

respirará la fábula blanca del calendario.



¿ Qué haremos de nosotros

ahora que los espejos todavia

no tienen una sombra que llevarse a sus láminas

a contar hasta diez?

¿ Qué podemos hacer con lo que nos han dado?



Como una insinuación, como la piedra

interroga al estanque,

cae la luz en el sueño de la casa.

y la distancia,

esa divinidad que medita en el agua

de los puertos,

vuelve al pasado, busca entre sus mitos

un Angel sin heridas,

una nueva metáfora,

algo que no es tu nombre,

pero que yo pronuncio desde el fondo

abierto de tus ojos.



Irene

Conheces a tinta meditativa

da primeira luz?

Vê o esforço

com que uma breve linha,

na copa mais alta do bosque mais escuro,

nos alerta à medida que cai

uma claridade.

Assim começa o dia.

Assim também, contigo,

cobram todas as coisas

um vago desejo de começar de novo,

para ser tua companhia

quando o tempo aparecer.



Não é o mecanismo

de um trem enferrujado que se move,

nem as madeiras da barca,

ainda secas. Não são em todas as histórias

que o tempo prescinde da nostalgia.



Mas a luz tem recordações que são nossas.

Baixarão os deuses de seus livros,

Alguém descobrirá que o mundo é navegável,

haverá dias e noites, e na lua

do passado

respirará a fábula branca do calendário.



O que faremos

agora que os espelhos

não tem uma sombra que levar a suas folhas

a contar até dez?

O que podemos fazer com o que herdamos?



Como uma insinuação, como a pedra

interroga a lagoa,

cai a luz sobre o sonho da casa,

e a distância,

essa divindade que medita na água

dos portos,

retorna ao passado, para buscar entre seus mitos

um Anjo sem feridas,

uma nova metáfora,

algo que não é teu nome,

mas que eu pronuncio bem do fundo

aberto de teus olhos.



Montero L. G. Antologia poética; – Madrid: Castália Editorial, primeira impressão, 2002.





Um comentário:

  1. "que o tempo prescinde da nostalgia."
    maravilhoso verso em um poema que tudo pede muitas leituras

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