(Felipe Stefani)
não consigo me livrar desse poema
o medo de viver sob essa pele,
o medo das mulheres que me absolvem do pecado,
o medo do câncer que termina em morte.
medo das estradas sem caminho,
do envolver o espanto do meu olho
e derivar os poemas da noite.
medo dos cachorros é o que tenho.
tenho medo dos cavalos,
da beleza que destilam
quando eu não consigo a coragem de vê-los.
tenho medo do olhar,
de todos os olhares:
a vida lhes pulsa o meu medo
e só me cabe retê-los um pouco.
o grande medo,
o medo que estarrece,
o medo que me promete a explosão da carne,
é o medo da pele que me come
e eu não vejo.
não sei da vida,
não sei da morte e suas atrofias
e me revelo no medo.
tenho medo da loucura,
das mentiras e verdades que me roem,
do meu sono e da minha insônia.
o suicídio é um alento carregado de medo:
o medo do fracasso.
a coragem
é o arremedo
da minha clave escondida.
de todos os medos
arranquei meu dia
e não consigo me livrar desse poema.
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