(Gabriel Ferreira)
Saldo incógnito
Basta-nos o decréscimo de dias
de um saldo incógnito
para que passar metade
de uma vida
pensando noutra vida
alimentando-se como um glutão na confeitaria
da palavra
conclamo botar o sobrenatural nas forças dos braços
ir avante
ciente de que não estamos distante
da magnitude da flor e do cacto
Corpo vivido
O corpo vive na epiderme construída com a aridez das horas
Já passaram muitas horas
estou quase vinte anos mais idoso
do que o infante que mordia tímido as palavras
para não tirar o esmalte materno dos dentes
Nada permanece em mim
que pode ser revisto e retomado
a pele das horas está anciã
as antigas meninas do jardim da infância
doravante gargalham erupção que vem debaixo
e faz espumar os seus belos e carnudos lábios.
Nada absolutamente nada
retorna inteiro ao corpo
a sobra das horas vividas
é espólio
guardada para ser saqueada
a qualquer instante na memória
"Nada absolutamente nada
ResponderExcluirretorna inteiro ao corpo"
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Muito bom!!!
;)