segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
IACYR ANDERSON FREITAS: POEMA
UM CICLONE ATRAVESSA AGORA A ETERNIDADE
já não me basta atender
aos que me convocaram
há outras impermanências
e coisas que agiram no espaço
em que o amor
se dessedenta
flora de exício? não:
percute em mim
à sombra de outros limbos
em ilhas às quais
me foi forçado aportar
para me reconhecer
os céus não vão por esses hortos
resiste aqui
a derradeira essência
de estuários que se procuram
nomes jogados sobre os flancos
e peixes
peixes como setas
no ar sedento
já não me basta percorrer
as idades que me atravessaram
ao longe
vejo gastas as cordas
liames secos
e borrascas
esquecidas nas ampolas
o ocaso se acende
desenha navios
velames potros
na penumbra anterior
desses pistilos
para chamar as águas
por seus nomes
para nomear o calor
de cada segundo
conheci
o círculo terceiro desta ilha
todo o ouro perdeu-se
mas resiste o lamento
de outros reinos
o acúmulo de meses
e flores que eu não sei
de tão sentidas
um ciclone atravessa agora
a eternidade
traz consigo
postais partidos
e perigos
presos
nos arreios
para testemunhar o encalhe deste dia
reuni-me
em exílio
aos missais que
por vós
dedilho
Do livro Quaradouro
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário