1 – Como ocorreu seu contato inicial com a poesia?
Sempre tive muita afeição co’as letras, quando na mocidade aos quinze anos, por influência até da música, comecei a minutar, versos brancos, co’o transpor do tempo aprimorei muito minha escrita, estudando a métrica, etc.
2 – Como é seu procedimento ao escrever um poema?
Sinto a esbordar toda a verve, em fortes sensações no âmago, quando versejo, transponho com todo furor o meu “eu lírico”, e empós concluído o soneto, some-se toda a sensação, qual um ledo vento que passa.
3 – O que é poesia para Derek Soares Castro?
A poesia é a diafaneidade do espírito, é a libertação dos sentimentos contidos n’alma, uma arte que transpõem o tempo, a vida e a morte, simplesmente a poesia é a minha vida.
4 – Como você vê o atual panorama da poesia brasileira contemporânea? Quais poetas você destacaria?
Eu vejo este panorama atual, perdido de toda a poesia que um dia existiu, não há mais toda a beleza e cuidado co’as palavras, mas, fico álacre em saber que apesar de poucos, existem grandes poetas atualmente que resgatam o verdadeiro lirismo, destaco aqui poucos poetas, são eles: Arão Filho, Edir Pina de Barros, Alysson Rosa, Rommel Werneck, etc.
5 – Como você vê a relação entre a tradição e os movimentos de vanguarda no âmbito da poesia?
Vejo como algo revoltante, tantos se dizendo “poetas” lá nos píncaros com tantos livros lançados, e em Academias, rebaixando totalmente o nível do que é a poesia verdadeira.
6 – Até que ponto a inovação requerida por muitos poetas que se dizem vanguardistas pode ser positiva ou negativa para o desenvolvimento da poesia?
A poesia é algo que já contém todos os seus rigores, todas as suas raízes, toda uma musicalidade, eu sou totalmente contra inovações, para que inovar algo que já está concreto e perfeito? Só existem pontos negativos entre poesia e inovação.
7 – Existe uma tradição perene na poesia?
Apesar de todo este modernismo, de toda essa fugaz libertação, e formas de expressão, creio eu que sim, o que a poesia foi nunca deixará de ser, se nós poucos retrógrados resgatarmos sua verdadeira essência.
8 – Novos poetas como Edir Pina de Barros, Rommel Werneck, Amber, Dalto Fidencio e você, apresentam em seus poemas uma releitura autêntica, original da tradição poética, sobretudo do romantismo. Estaríamos diante de um novo movimento literário que poderia ser intitulado de neo-romantismo?
Creio eu em minha concepção, que sim, pois partilhamos todos do mesmo lirismo com fortes raízes na tradição.
9 – Essa nova tendência estética seria uma resposta a posturas vanguardistas de recusa da tradição adotadas por muitos poetas, mostrando assim, o esgotamento das vanguardas e a força perene da própria tradição em alimentar uma poesia contemporânea de qualidade e rigor?
Sim, pois estes vanguardistas buscam uma inovação, recusando-se a perene verdadeira tradição, e nós como poucos devemos defender nossa proposta, e alimentar toda a qualidade e o rigor, expostos pelos grandes poetas.
Não se pode viver em pleno século XXI e ignorar os terríveis abusos que não só o Derek, eu, Hilton como os leitores condenam! Derek está coberto de razão!
ResponderExcluirPenso que muitas palestras ministradas aqui em São Paulo pregam dogmas que não condizem com os conceitos de Teoria Literária e nem com o Bom Senso:
- "métrica é ultrapassada"
Não é. Todo verso possui métrica, mesmo os versos livres, a diferença está nas diversas possibilidades: isométricos, heterométricos, livres e em todos há infinitas possibilidades.
- Ignorar as novas formas fixas...
É ridículo esse povo minimalista ultravanguardista ignorar as vanguardas saudáveis.
Vai fazer de conta que não existe indriso, plêiade, retranca, fib, sonetim etc só porque seus criadores não moram na Casa das Rosas? Acho que está na hora de estudar um pouco...
Kyrie, Eleison!
Safo, Eleison!
- Revisionismo:
Antes que digam que esta corrente dogmática surgiu com os irmãos Campos, saibam que existe dentro da História uma corrente "revisionista" com este nome mesmo que tem por objetivo negar o holocausto sofrido pelos judeus nas mãos dos nazistas e o holocausto cristão por comunistas.
Sinceramente, não é satânico também abrir a boca para dizer que “Safo antecipou a poesia minimalista”, “Baudelaire antecipou tudo”, “Cruz e Souza era negro e tinha que ter escrito sobre escravidão, não era bom escritor”, “Sousândrade foi o maior ultrarromântico e liberou geral”, “Shakespeare não existiu” etc. É feio falar mal dos outros, sabiam Srs Ultra Vanguardistas. Estudar História da Literatura faz bem para não ficar inventando o tal do “Neobarroco” que não tem nada de barroco! Ôxi, se Barroco era caracterizadfo por um conflito interno que
- Panfletarismo:
A crença de que a literatura deve ter crítica social é destruir a arte. A relação entre Literatura e Sociedade já se dá no tripé autor, obra e público. Também a doutrina de que toda poesia deve ser concisa e objetiva deve ir pra fogueira! Quer dizer agora que Homero e Camões escreveram demais?
Além destes há outras besteiras sendo pregadas aqui em São Paulo. São várias distorções do Modernismo, não dá para fazer um comentário, mesmo longo, abrangendo tudo. Sendo assim, aplausos a nosso bardo!
Estou pasmado!!!!!!!!!... E eu a pensar que a Poesia até era uma coisa simples, simplesmente uma revelação de estados de alma e outras "palermices", mais ou menos líricas, com mais ou menos sentido, emprestando a subjectividade desse estado a outros estados de alma com os quais se pudessem identificar ou procurar uma identificação, mesmo que, também ela, lírica!... Assim como um pseudo delírio que emprestasse uma explicação, ainda que limitada à sensibilidade e compreensão de cada um!...
ResponderExcluirAfinal, passo, mais uma vez, por este espaço ricamente literário e... acabo por tatear a forma quadrada de minha cabeça e desencontro-me de minhas conclusões apressadas!...
Gostei, sim senhor, da simplicidade da entrevista que, também ela, embora desencantada, é quase... poética!
Abraço
Acontece que o que as pessoas ainda não aprenderam, principalmente na valsa paulistana onde temos que dar 4 passinhos pra frente e nenhum pra trás, é que existe uma tênue linha que separa o simples do simplório.
ResponderExcluirO dia que os escritores tiverem noção da sacralidade de seu ofício, teremos muito mais leitores.
Obrigado.
Concordo em gênero, número e grau com as colocações aqui postadas. Edir
ResponderExcluirmagnífico o ponto de vista.
ResponderExcluircriar, sim, porém sem desmerecer o mérito de quem atualmente conserva a beleza clássica das escolas literárias passadas e suas características. encontrei muitos poetas que vem me questionar e pejorativamente se referir ao meu trabalho como mero vício em rimas. lamentável. creio na beleza da forma e conteúdo.
esclarecendo: não sou adepta de metricas, minha métrica é muito rústica e amadora, feita apenas pelo ouvido, analisando superficialmente a cadência das palavras e das frases; aprecio, no entanto, todos aqueles que se dedicam e apreendem a técnica e conseguem trabalhá-la de forma bela e nada artificial. parabéns aos poetas que aqui se pronunciaram e ao Derek especialmente.
http://terza-rima.blogspot.com/
Ao Lorde Rommel Weerneck... Sem desculpa!... Completo simplório no sentido lato da incapacidade limitativa, como capacidade pouco abrangente!... Infeliz pobreza adolescente sem noção da Alma!... Construção da propriedade horizontal sem o devido alicerce amadurecido!... A HULMILDADE consciente, por natural, é um ensinamento, também natural, que presenteia a natureza dos Puros!... Depois, há os outros… uns débeis artificies ao serviço da plasticidade reciclável e pouco duradoura!... Essa simplicidade que, não sendo simplória, é uma “razão fodida”…como a vida!
ResponderExcluirA Poesia não é uma HABILIDADE, caro amigo, é um estado d'Alma, capaz de interpretar e oferecer essa interpretação, ainda que subjectiva, à sensibilidade inteligente dos privilegiados!...Porque, acredite, poucos são os que são bafejados por tão ímpar privilégio!
Abraço
Penso que, a poesia seja um artefato do espírito fundado no âmbito da subjetividade, e construído no plano da linguagem. A poesia autêntica não precisa necessariamente das formas fixas, mas não pode prescindir da tradição em prol de inovações ilimitadas. O “passado” poético ressoa na eternidade do porvir, sobretudo para aqueles que não negligenciam a árdua tarefa de serem criadores e anunciadores legítimos da beleza, preservando assim, o senso estético.
ResponderExcluirA poesia em si, não é uma habilidade, mas é uma obra de arte que requer habilidade.
ResponderExcluirAfinal de contas, o processo de criação literária é 99,9°/° por cento de transpiração sobre 0,01°/° de inspiração.
Aliás, a inspiração pode surgir a partir do desafio, do novo, da própria transpiração. Por exemplo, sinto-me muito tentado a escrever formas fixas que pouco escrevi ao longo de minha vida, como o ghazal, o indriso e outras que nunca escrevi como a retranca e o fib.
Portanto, a inspiração pode vir do processo de transpiração que, como vemos, é fundamental para a construção de um texto. Caso contrário, como distinguir o bom escritor do péssimo escritor? O resultado de uma produção e a análise sobre respondem isto!
Nestes 5000 anos de cultura escrita, creio que todos compreenderam que um texto pode ter três ou trinta linhas, portanto, o texto possui extensão variável (Elisa Guimarães).
Se acreditamos na possibilidade de uma verticalidade flexível, porque não podemos também crer (na poesia) na possibilidade de horizontalidade, isto é, escolha de metro?
A crença errônea de que poesia vem unicamente da inspiração deve ser eliminada, basta ler Teoria Literária (sim, isso existe e não é frescura, é estudo!) e qualquer um poderá constatar que a Literatura não começou em 1922 (Alexei Bueno) e a transpiração sobre a inspiração.
Não sou contra os versos livres, mas eles precisas ser bem cuidados assim como isométricos e polimétricos etc
Que surpresa boa ler não só a entrevista, mas também todos os comentários postados. Todos na mesma sintonia, firmando uma posição. Parabéns.
ResponderExcluirJefferson.
Muito interessante descobrir esse espaço de discussão sobre a poesia. Acredito que o poema nasce de um estado de alma, com um bom domínio da Língua. A métrica é importante para alguns: o vestido para um belo corpo, porém, se o corpo não for belo, não tem métrica que salve o poema. Contudo, isso não nos impede de aplaudir ótimos textos alforriados da métrica fixa, muitos desses tocam minha alma.
ResponderExcluirAbraços, Odailta Alves
Prezada Odailta Alves, seja bem vinda ao Poesia Diversa, e obrigado por expressar seu ponto de vista nessa importante discussão. Um abraço. Esteja sempre presente.
ResponderExcluirMuito boa toda esta conversa que criei com esta entrevista! Agradeço a todos!
ResponderExcluirSind Glückwunsch an Derek.
ResponderExcluirIch möchte seine anderen Bilder sehen, können Sie dies ändern?
einfach nur neugierig, wissen Sie, Frau ist neugierig.
duftenden Küsse dich in die.
É certo que consigamos abrir nossa mente para distinguir, com sensatez, inovação de esculhambação. É claro que a disseminação do conhecimento acarretou consequências diversas, mas não exclusivamente pontos negativos. A princípios, relembremos o porque da escrita: poesia é a expressão de sentimentos. E ainda que não haja perfeição na escritas de todos, todos são dotados de sentimentos que precisam, de alguma forma, ser expostos. Remetermos apenas à estética, tal qual o parnesianismo, é quase um "censura", que, diga-se de passagem, é absurda. Lembremos que, se no romantismo o linguajar rebuscado era do mais utilizado, é porque à época o estilo era este, não havia esforço, fluía, e agora temos outro estilo. Dizer que o estilo atual é menos ou mais rebuscado é besteira, apenas se adequou ao contexto moderno. A grande e maravilhosa inovação é uma: as pessoas se libertaram através da escrita. Como escrevem, que mal há? Cada geração com seu traço cultural. Esta mistura é que dá o caráter rico que forma nosso idioma, a flexibilidade e a complexidade. Sem dúvida, a retomada do estilo romantista é admirável, nostálgico, mas não ofusca a beleza nos novos estilos. Aliás, a escrita se diverge, em cada ramo e para determinada necessidade. Falo por mim, primeiramente, que aprecio e aprimoro minha escrita jornalística, mas peco em poesias, embora delas me utilize para expressar sentimentos. Então, caros amigos poetas, não vejam a novidade por este ângulo. Se retrógrado pode ser interessante, mas cada época teve seu brilho e sua criatividade. Melhor pensarmos numa linguística original a tentarmos repetir um esplendor que não se fará outra vez. Opinião. A modernidade é linda, a liberdade é bela, e a escrita esta aí para ser e não para esculpir.
ResponderExcluirAbraços.
Apenas mais uma colocação, caro Werneck. Tenho certeza de que ao utilizar-se do termo "métrica", o palestrante - ou quem a pronunciara - fez referência especificamente à rigidez de escansão, aos versos isométricos. Um caso de metonímia que compõe o estudo sintático do idioma português. Não quis dizer necessariamente todo o tipo de métrica, uma vez que, obviamente, todo verso tem sua métrica. Questão de interpretação e contextualização.
ResponderExcluirAbraços.
Obrigado, DEREK, em citar o meu nome ao lado destes poetas extraordinários.Tudo que voce disse sobre a métrica é a mais pura verdade! Obrigado
ResponderExcluirSó elogia esse poeta quem foi citado por ele como bom poeta... Esse rapaz escreve sonetos cheios de erros quanto à poética, com pés quebrados e arcaísmos horrorosos!!! E pleno século XXI ele usa apóstrofe e expressões do tipo "rendas vestalinas". E o que dizer de versos como esses: "A abóbada celeste no infinito" e "Passou todo o cortejo cheio d'ais!". Bom, espero que minha mensagem seja publicada, para criar uma discussão verdadeira, e não essa rasgação de seda entre amigos. Esse rapaz escreve muito mal e ainda reclama de falta de leitor...
ResponderExcluirHumberto Ramos
Um artista é testemunha, ou pelo menos deve ser testemunha de seu tempo. Do contrário, para que novos artistas? Melhor ficar com os mortos... E então esse jovem "poeta", Derek Soares, escreve sonetos como só os poetas tuberculosos escreviam - só que estes viviam seu tempo e sabiam escrever sonetos. Sugestão ao jovem poeta: ler Rilke e viver seu tempo. Parar de imitar Castro Alves e aprender a contar sílabas e apurar os ouvidos.
ResponderExcluirHumberto Ramos
Para este tal de Humberto só tenho mesmo que ignorá-lo. É mais um modernista ignorante, tentando achar erros onde não existem. Muito obrigado pela sugestão, mas sou totalmente contra o modernismo.
ResponderExcluirNossa, estou impressionado com a modéstia dos que se dizem modernistas... vivem copiando o veio Haroldo de Campos...
ResponderExcluirEstou pegando conteúdo daqui para a Revista Casa de Lápis e colocarei as devidas referências...
Fique a vontade, sir Rommel, o espaço lhe é sempre livre!
ResponderExcluirDiante disso, concluo que eu nao sei escrever.
ResponderExcluirSou um saudosista, vanguardista... mas creio que a métrica, técnica, habilidade, etc... servem para compor algo dentro de certos "estilo de poema", mas jamais para definir a poesia. Poesia é tudo, o poema é apenas uma parte dessa fatia ilimitada e imortal.
ResponderExcluirAchei interessante a entrevista com o saudosista e ilustre Derek Soares Castro, o qual tenho admiração as suas obras-Sonetos magníficos- e, distinguir também meu pensamento que é acompanhar essa corrente. Não com os mesmos passos, bravos poetas, mas com os meus pequenos. Não gosto da Modernidade. Admiro e lei os poetas Castro Alves, Alvares de Azevedo, Cruz e Sousa e amo a métrica. Um forte abraço a todos esses poetas que li acima e dizer que, preservar a poesia raiz é não perder sua identidade nata! Jairo Araujo
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