domingo, 28 de novembro de 2010

MARCILIO MEDEIROS: POEMAS

(Jackson Pollock)



A MORTA


seca
a porta
despida
fibra ante fibra
ocultando-se

cadáver
posto até quando
destroçar os veios
enxame de abelhas
descompactando-se

CAVALGADURA


sim,
olhos de marfim
órbitas de sodalita
perfuram, insólitos

o mole centro
do abdômen
dentro do homem
saturam

sala vazia de órgãos
vãos órfãos azia
amálgama
escura

cavalo
que cavalga
a alma
dura

MORTE TERMO TEMOR

Aguarda: tom de neve.
Água parda proscreve
a rapidez. Agora tarda

Afeito: bom para sumir,
de terra desfeito, vai surtir
único e último efeito.

Fira: dom da faísca.
Fogo de pira confisca
quem só se reproduziu na lira.

Alarde: som de alaúde,
ar de notas arde sobre o ataúde,
antes que chegue a tarde.

PÉS

Escassez de nuvens
sobre o piso.
Tez inchada de pés sem
o alarido
dos passos.
Descalços
todavia presos
Crassos
mas não tesos

Em vão
será suficiente
supor
que movimentos
de dedos
sustarão
termo, memória, medo
do rumor.


4 comentários:

  1. Hilton, muito bonito o seu blog. Gostei de conhecê-lo e também de encontrar aqui poemas de meu querido amigo Marcílio.

    Um abraço.

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  2. Prezada Sônia, seja bem vinda ao Poesia Diversa. Fico muito feliz em publicar novos poetas de grande talento como o Marcilio, e honrado por ter meu espaço literário escolhido para isso. Que sua presença seja constante!

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  3. Parabéns, um ótimo espaço de harmonia entre imagens, poesias e emoções. Grato!

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  4. Prezado Tadzo, a gratidão deve ser toda minha por sua visita ao Poesia Diversa. Esteja sempre presente! Um abraço.

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