Fazer é ato de
dor que só fere a quietude:
ré necessidade.
Sísifo proclama basta!
Se encalha na vaidade.
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As cartas deságuam
revoadas de punhais
– os ditos conselhos –
a quem às vezes enxerga
e nem precisa de espelhos.
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Há desconfiança
na pele antiga da dor.
Inventa verdade,
vara muitas paciências
essa dor que é piedade.
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Descansa o sagrado
entre a chama do dever
e o atroz direito.
Toma o fogo, oh, Prometeus,
e deita brasas no peito.
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Enfrento o processo.
Qual a forma desejada?
A do sofrimento.
Na diferença dos homens,
paradoxo é seguimento.
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Viver abandono
tem desinência de dor
em todo animal.
Mastiga o nada do mundo,
pois tudo mais é fatal.
Do livro Noturno - tankas da madrugada. Ed. escrituras
Hilton, estou lendo Noturno. Uma beleza. O trabalho de Cloves é mesmo primoroso. Os livros são lindíssimos e sua poesia emociona. Agradeço a você, por ter nos apresentado este poeta fantástico. Abraços aos dois, poetas que admiro.
ResponderExcluirNydia, você faz falta nesse espaço! É sempre uma grande satisfação conhecer grandes poetas e seres humanos como o Cloves e Você! Um grande abraço!
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