domingo, 18 de julho de 2010

LUIS SERGUILHA

(Luiza Maciel Nogueira)
TEXTO 1


silêncio duradouro nos olhares arqueados. Um órfão na terra inventa as alavancas do deserto, a arqueologia da esfinge, o (re)nascimento do não-sentido e um homem de reminiscências solares abandona o espaço dos tumultos e entra na floresta isotrópica. em todas as direcções o homem é idêntico a ele mesmo. em todas as direcções o grito de Deus é o grito de toda a ausência.
os aposentos sábios das fábulas, a dispersão das calamidades, a descoberta da instrução do livro-do-VAZIO, das mordeduras raras, da voz-iniciática, das lenhas cosmogónicas onde o cloro dos mosquitos-cranianos e as teclas dos anarquistas-das-linhas-de-comboio como um compêndio de construções corporais envenenam as elásticas expectativas do triângulo das eiras.

vegetal-tijolo-golpes-de-irradiações(correntes eléctricas dos crustáceos). Túnicas-de-transparências de Michaux nas aguarelas de HÔGAN DAIDÔ.

Patas sulfúricas entoam nas batedoras de espontaneidades-espectrais. As respirações alquímicas reconciliam os abrigos geológicos das línguas. Viseiras zenistas sobre os alvos-gritos dos arabescos. Os bichos vertebrados coroam os pousios dos escavadores de labirintos. Cobras tambores instalam polaróides nas salamandras nocturnas. Mal-de-Hansen nas matracas ovóides dos contrafortes.

o trovão-neolítico a encilhar os cavalos de medronheiros em medronheiros e de ulmáceas em ulmáceas ______________, o milhafre-real passa entre o malmequer-do-campo e os maxilares dos cavaleiros-em-convulsão. contracções dos hinos das larvas planctônicas e uma família ora em casa reunida nas blandícias do evangelho. A linfa dos deuses desce ao útero-do-jardim. Infabulação ourobórica. A energia das origens do “ do golpe do anti-ceifo” sobre as criaturas-híbridas. O cântico da crisálida ergue a flor-do-invisível. Perseguições dos frémitos-demiúrgicos. O sagrado e o profano na respiração epifânica e na nómada ASCESE do mundo. RUPTURAS lancinantes emancipam-se.

aprumam-se os escafandros acústicos e os simulacros. Um arado de teias RUPESTRES.

as coxas-da-constelação-subterrânea, onde o ritmo das mãos-entre-colmeias-vermelhas marca a distinção dos cios na terra, são (quase desmoronadas) pelo sol-escaravelho que empurra inabalavelmente os ecos unificados impedindo as baforadas das sílabas-mercadorias e das emboscadas erectas.

_______ minúsculas embarcações na inquieta estância da terminante anémona-de-legendas-silenciosas como se os feixes desalojados da hipnose exaltassem as margens translúcidas dos firmamentos para partilharem uma amarra anárquica de águas...(pinturas selvagens. O HOMEM da dança-ritual)

entre as eclipses tépidas dos últimos invasores das arquitecturas _________ um vítreo-sulco; _________ na coincidência abreviada das supremas bocas, onde esvoaçam as respirações dos ímanes do pólen e a rigidez das sombras, patas-estacas; ___ latrina extemporânea a atear o entorpecimento dos fertilizantes rendidos à dissertação mutante dos vestidos da eclosão solitária, ________ as temperaturas das profundidades alimentam um mesmo corpo, ________ os bunkers de catéteres monitorizam as tendas-escoltas e as cesarianas dos COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS, _________ as fotografias aéreas traduzem os mapas multi-orgânicos, _________________ SOMBRAS: lanternas. Viajantes da intemporalidade. _______________ cópias da METAZOA, ____ impulsos dos flancos indivisíveis, _____________ a culminação do abandono da escoriação das FOSSAS ABISSAIS, o enigma da sedimentação, _________ as palmas incandescentes do silêncio _________, os ciclos dos germes coroam as abreviaturas dos mastigadores-de-prismas e os transportes dos frutos incorporam-se nas persianas/escamaduras-seculares.

das erupções imprevisíveis saem sílabas estriadas a fortificarem as concavidades das equações: ______ inaudível/ imperscrutável/obscuro centro dos riscos geológicos: ________ aceno admirável a ligar o princípio dos despenhadeiros à fresta piroclástica (às protuberâncias resinosas do remador-de-circunspecções) ______________ : os contornos das moradias exercitam as interpelações dos crepúsculos salteadores que retorcem as raridades e as extremidades das bocas-dos-antúrios desabam pacientemente entre as cúpulas minúsculas do sangue-orgástico e tudo vibra na inesperada dimensão-das-vagas.

(acumulações de ácidos na cortadura vertical) como uma fonte de árvores eclodindo nos espasmos das descendências dos vampiros ____ INCLINAÇÃO dos cântaros-de-incenso sobre o atalho despojado pelo turú _________ (ímpetos dos horários-dos-socalcos-em-putrefacção) ______um mural.um abismo ______.

na percepção da energia cinética dos ecos (claridade a radiografar a dramaturgia dos diamantes dos rizomas: limalha narcótica):

_____ boca extasiada de latidos-da-interdição na ascendência distinta dum pássaro:

ao alcance da ampulheta genética das amoras o PH-dos-testemunhos:

o piso permanente da orfandade sistólica para se reencontrar carregado de luz:

noutra boca inclassificável (colérica coligação de abrigos) onde a escarlate caligrafia da desnudez desaproxima a urgência da água em direcção à imutável papoila:

incomunicável fulcro a estancar o plânton da casa (Deus é a ausência do livro).

O homem retorna da floresta isotrópica no vapor da legenda da hortelã-aranha. (massagem de míldios injectada nos gemidos das genuflexões do húmus)____ ou apenas uma miragem de cofres-mãe-d’agua e de constelações?
a borboleta de Chuang-tzu fendida pela tecedura das crias do dilúvio e a circuncisão da nódoa dos rebentos fortalece a auscultação do sol na fugidia referência do naufrago geológico (HORTENSIUS DE CICERO). confidência a recolher a brancura neoplatónica da companheira METROPOLITANA. ==== cardumes de sopros. lábios enclavinhados. labirintos na haste embalsamada do grito. uma raiz transparente.

debruça-se pequeno monstro: eis o pousio do fogo. coléricos mensageiros na cobiça das tinturarias. Ouça as sirenes nas acomodações das rochas. Ouça o silêncio duradouro nos olhares arqueados, a úlcera dos SANGRAMENTOS, o nascer enluarado nas posições extintas das natas-das-fímbrias,
os rádios-dos-motoristas entre os cinzéis dos temporais, ___________as épocas metalizadas dos morcegos, as barbatanas dos aguaceiros, os enquadramentos (dos bichos das furnas), a inauguração meticulosa da acinesia, o desassossego das fábulas, os candelabros de Riumbaud, o dilúvio entre as entranhas hipnóticas da noite-das-arcadas ________.

loucamente os dialectos dos projectores arrastam-se até aos acenos unânimes dos pássaros-curvilíneos: devolução dos subterfúgios das lâmpadas aos adágios das ardósias-Ápis: ______ os organismos desinvestidos de sonolência confundem os rasgões da linguagem-desastre ao desfolharem as rugosidades dos maxilares-geológicos entre o apocalipse hereditário dos talhadores de Petra.

Memória de rotas antiquissimas. os dentes da transparência fraccionam as galerias das encostas vibratórias para apurarem a presença dos instrumentos das planícies-em-crescimento: ________ olho-de-boi, o selo das comunidades dos voos articulados cuidadosamente ao torso aos homoplatas: acrópole do trovão (o ar aberto a instilar salsugem nos contrafortes) _________ des-membramento dos patamares, o ar assimilando a caruma de chumbo-insecticida e os filamentos das distracções dos estaleiros como uma mesa de linhagens. O sol. a imensidade dos regatos inábeis. a guarnição-de-enxofre reconstruída pelos projectores da ebriedade-da-docuficção onde o utensílio brevíssimo da ondulação das árvores admite o dilatado sobre as âncoras instantâneas. cordas vocais armazenadas nas implacáveis asas (hastes cunhadas pelos nervos dos atiradores furtivos).

Minérios: ____________________ os ciprestes e as travessias luzem ao encerrarem-se supremamente nos jactos do restolho caligráfico para urdirem as tábuas de ar no ócio das cúpulas viciadas pela sonoridade dos marfins que separam a germinação/lapidação das moradas nocturnas:__________ anémona dos périplos das fundições (os favos das sombras emolduram-se na irradiação das crateras e as grades órfãs estendem-se pela vela e pela crina das ressonâncias vaporizadas entre os apanhadores de abelhões anestesiantes: ______ aros dos astros salinizados: _______ estirpes das monções planetóides (_______ cenários a balbuciarem no mercado dos inquietadores de baleias): crustáceos amplificados nos pigmentos das rotações artesianas e a febre das manchas-das-espigas esgota-se nos arames tingidos pelo estrume dos nascimentos vertiginosos ):__________embocadura.

O flagrante nas inaugurações dos controlos aeroportuários que veneram o pequeno sorvedouro da adivinhação na cumeeira dos álamos-dos-quartéis: _______ flautas-de-ácido, os olhos da gorgona, (vistos das aprendizagens electrónicas) onde os beijos dos amantes são oxidados no monte incomunicável de dois pássaros.

(batida de lâmpadas-do-metabolismo), precipício perpetuamente multicolor a projectar os icebergues das mandíbulas.

uma pedra. outra pedra de seiva transversal. a equimose desordenada do corpo-cataclismo. (LESÕES INTERNAS rentes às ignições das olências das cavernas): o violinista vocifera a expansão dos gatilhos da cordilheira para desenrolar as esporas monossilábicas equivalentes aos anteprojectos das dunas solares: (a rosácea dos labirintos, aquela que desmancha os caminhos o espreita nas fronteiras do acontecimento-subterrâneo-das-vertebras-acesas-de-trajectórias-entregues-às-pétalas-do-mercúrio-dos-espelhos-que-constroem -glotes-farejadoras e nas-dinastias-transitórias-dos-vulcões-balsâmicos-a purificar-o-sândalo-do-fóssil) _________________ Deus é a ausência do livro. (e o livro se torna a lenta decifração de sua ausência. Disse reb Ségré com duas vozes).


Um comentário:

  1. Nem gosto tanto desse desenho. Mas que bom que tem alguém que goste. :) beijos.

    Beijos

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