sexta-feira, 9 de julho de 2010

IACYR ANDERSON FREITAS: POEMA


SUBSOLO

este silêncio é antes
o estertor
de coisas nascendo

esteios abertos no alfarrábio

um outro
talvez sentisse o outono
como eu o tenho nesta tarde:
ilhas de auspício e dano céu
cavado em suas túnicas

nos subsolos
ainda envilece sua furna

somos a ficção de um deus
sua orfandade extrema


mas apenas órfãos
nos sentimos

até mim alteiam-se as árvores
e há raízes
rompendo o solo
em que meu corpo se estrutura

argila desse paraíso macerado
amo os sóis que em mim se arvoram

amo sua babel
e seu incêndio:
último sepulcro

junto ao jazigo
de tudo

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