domingo, 11 de julho de 2010

JORGE ELIAS NETO: POEMA


ENCOSTA DO MUNDO

Na encosta do mundo (sim, pois realmente existe um mundo impensado por nossos contemporâneos cientificamente munidos com incoerência), um acaso de pedras precipita-se sobre um mar inaudito. Nela, as ondas batem desfazendo precipícios. Existisse o homem ali, retomaria os mitos ou se lançaria ao mar. Mas findaram-se os séculos das navegações, e pereceram, à força do fogo de canhões, as últimas cidadelas. Na encosta do mundo o que se perde, não se conta como tempo. A encosta do mundo se preserva em uma dimensão refutada pelo homem.

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