AVE! MARIA!
A noite desce - lentas e tristes
Cobrem as sombras a serrania,
Calam-se as aves, choram os ventos,
Dizem os gênios: - Ave! Maria!
Na torre estreita de pobre templo
Ressoa o sino da freguesia,
Abrem-se as flores, Vesper desponta,
Cantam os anjos: - Ave! Maria!
No tosco alvergue de seus maiores,
Onde só reinam paz e alegria,
Entre os filhinhos o bom colono
Repete as vozes: - Ave! Maria!
E, longe, longe, na velha estrada,
Pára e saudades à pátria envia
Romeiro exausto que o céu contempla,
E fala aos ermos: - Ave! Maria!
Incerto nauta por feios mares,
Onde se estende névoa sombria,
Se encosta ao mastro, descobre a fronte,
Reza baixinho: - Ave! Maria!
Nas soledades, sem pão nem água,
Sem pouso e tenda, sem luz nem guia,
Triste mendigo, que as praças busca,
Curva-se e clama: - Ave! Maria!
Só nas alcovas, nas salas dúbias,
Nas longas mesas de longa orgia
Não diz o ímpio, não diz o avaro,
Não diz o ingrato: - Ave! Maria!
Ave! Maria! - No céu, na terra!
Luz da aliança! Doce harmonia!
Hora divina! Sublime estância!
Bendita sejas! - Ave! Maria!
Gosto do Fagundes Varela
ResponderExcluirPrezada Ana, Fagundes é um mestre do romantismo... Poemas e pintores para o advento...Um abraço.
ResponderExcluirele é um mestre, ameii.
ResponderExcluirEstimada Ambar, sem dúvida um mestre, junto com Junqueira Freire e Àlvarez de Azevedo. Um abraço.
ResponderExcluirIdem a todos
ResponderExcluirBelíssimo!Um abraço.
ResponderExcluir