quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CÂNDIDA DE SANTIAGO LINHARES: POEMA

(Bradí Barth)




UMA CANÇÃO PARA ISABEL

A Dulce Maria Linhares Maciel


Esta canção devia ser escrita...
Vinte séculos se passaram.
E o tempo não conseguiu gastar
O que era para subsistir!
Como denominar a força
Que reuniu cada palavra dispersa
Para arquitetar a frase, mensagem-cristalina?...
Nobre amiga Isabel, por que deveria eu participar do diálogo?
Agora que ele foi escrito em mim,
Com palavras vivas, subsistirá...
Traduzirei para quem foi preparado
A verdade e a beleza ocultas, mas latentes,
Que arrebatam e edificam:
Teu ventre, intumescido, tomou a forma do cosmo,
E traduziu no tremor vivido
O estremecimento de toda criação
Sensível à grande presença onipotente
Que veladamente se iniciava
No primeiro corpo-templo:
O de Maria!
E, quando em ti, tua criança vibrou
Simbolizava a humanidade
Superanimada pela energia divina,
Que emanava do Emanuel
O “Deus conosco” fraternalmente
Unido para sempre!

Ninguém pode conceber
O abismo que distingue
A criação de antes,
Da criação de após,
A encarnação do verbo!
Mas a nuvem que pairava sobre a manjedoura,
A árvore silenciosa, onde mãe e filho repousavam,
O pó, do caminho que levava Miriam à fonte,
A água clara que enchia o cântaro,
O fogo que crepitava
No lar de José, o operário,
Estes sabiam, sim,
Ante de ti e de mim,
O imortal segredo
Só agora desvendado!...

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