dos sentires do tempo - II
no âmago
das dores do homem
há sinais do incêndio
que consome as horas
as dores
são filhas do fogo
o fogo
é irmão do instante
no imenso banquete
no altar do tempo
todos juntos ardem
e se devoram
desabrigo
o não lugar:
onde habita a não vida
e o não sonhar
- morada de tantos.
(XIX)
cinzento este outono
e seco
saúdo o sol
que se esconde atrás
de cada nuvem
e sigo
na trilha que se abre
a cada passo
do dia
- corte que não se fecha
senda
vereda, atalho, cicatriz
(I)
pai
o que sentia
ao percorrer caminhos
que hoje são meus
insondáveis
todos os caminhos
(II)
não ouso pedir
o maná dos céus
peço os frutos da terra
na lida
dos humanos quereres
cansaço e suor
grão
que se possa colher
pão
ainda que ázimo
mão
que se possa tocar
saciadas fomes
(III)
perdoa pai
te julguei tão fraco
hoje carrego meus fracassos
tão maiores que os teus
que honra!
ResponderExcluirbj
Luiza, a honra é toda minha! Sua obra ilumina esse espaço literário!
ResponderExcluirTambém gosto muito do trabalho de Luiza, Hilton. Os de pássaros especialmente belos. Este é lindíssimo. Bom estar aqui com vocês. bjos!
ResponderExcluirAdorei o poema! A ilustração é muita linda!!!
ResponderExcluir