quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DRUMMOND: POEMA


O MINUTO DEPOIS

Nudez, último véu da alma
que ainda assim prossegue absconsa.
A linguagem fértil do corpo
não a detecta nem decifra.
Mais além da pele, dos músculos,
dos nervos, do sangue, dos ossos,
recusa o íntimo contato,
o casamento floral, o abraço
divinizante da matéria
inebriada para sempre
pela sublime conjunção.

Ai de nós, mendigos famintos:
Pressentimos só as migalhas
desse banquete além das nuvens
contingentes de nossa carne.
E por isso a volúpia é triste
um minuto depois do êxtase.

2 comentários:

  1. Mais do Drummond, todos os que queira, ficaremos um minuto antes do êxtase.

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  2. Amigo Ruaz, é uma satisfação sua presença aqui! Um grande abraço!

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