PILIGRA
Piligra é um poeta baiano da mais nova geração. Escreve em versos livres, haikais e sonetos alexandrinos onde se destaca fazendo no seu próprio estilo, o que fizeram antes Drummond e Vinicius, adaptando a linguagem coloquial do modernismo à forma fixa. Piligra faz uma poesia não apenas de forte sabor contemporâneo, como de grande saber poético.
Um Beija-flor
um beija-flor pousou na minha poesia
com sutileza como um anjo iluminado,
seu olhar divino me deixou impressionado
- doce metáfora de um verso à luz do dia...
o beija-flor ficou me olhando ali parado,
simples paisagem da mais pura fantasia,
seu olhar de flor brilhou com força e alegria
- jardim suspenso, no meu verso eternizado...
um beija-flor pousou seus pés de sutileza
na minha alma de poeta embrionário,
um filme lírico de amor e de beleza,
tela compondo, como um conto, o meu cenário...
- o beija-flor agora sonha que é um canário
e canta hinos pra alegrar minha tristeza!
Coração de poeta
meu coração, janela aberta para o nada,
bate sem ritmo sobre as pedras de outro ser;
desiludido segue aqui por outra estrada
fazendo versos pra poder sobreviver...
meu coração, letra sem vida e ignorada,
pulsa em silêncio no meu corpo de não-ser;
abandonado, feito criança abortada,
espera a morte com ternura e com prazer...
meu coração, deserto imenso e assustador,
guarda fantasmas disfarçados de alegria,
feito um demônio que (sorrindo de uma dor)
esconde a vida na beleza de uma orgia...
- meu coração, desejo louco de escritor,
pulsa tranquilo no papel sem poesia!
Concepção
Para Graciete, Bárbara e Elisandra
eu já concebo o verso assim metrificado
como arquiteto que planeja um edifício
na exatidão do prumo reto e equilibrado
sem perguntar se isto é fácil ou é difícil!
eu já concebo a rima assim – intercalada,
numa urdidura trabalhosa e singular –
puxando o fio de cada sílaba marcada
pelo tecido de uma métrica “sem par”!
eu já concebo o meu soneto alexandrino
(como a matriz de uma equação vetorial)
fazendo cálculo semântico e verbal,
com meu compasso atrapalhado de menino!
eu já concebo o meu poema ornamental
como operário que dá forma ao que é divino!
Piligra é o pseudônimo de Lourival Pereira Júnior. É nascido em Itabuna, Ba. Professor universitário, possui Mestrado em filosofia pela UFPB (Universidade Federal das Paraíba). Publicou “Fractais”, 1996 e participou de “Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna”, 2009.
Piligra é um poeta baiano da mais nova geração. Escreve em versos livres, haikais e sonetos alexandrinos onde se destaca fazendo no seu próprio estilo, o que fizeram antes Drummond e Vinicius, adaptando a linguagem coloquial do modernismo à forma fixa. Piligra faz uma poesia não apenas de forte sabor contemporâneo, como de grande saber poético.
Um Beija-flor
um beija-flor pousou na minha poesia
com sutileza como um anjo iluminado,
seu olhar divino me deixou impressionado
- doce metáfora de um verso à luz do dia...
o beija-flor ficou me olhando ali parado,
simples paisagem da mais pura fantasia,
seu olhar de flor brilhou com força e alegria
- jardim suspenso, no meu verso eternizado...
um beija-flor pousou seus pés de sutileza
na minha alma de poeta embrionário,
um filme lírico de amor e de beleza,
tela compondo, como um conto, o meu cenário...
- o beija-flor agora sonha que é um canário
e canta hinos pra alegrar minha tristeza!
Coração de poeta
meu coração, janela aberta para o nada,
bate sem ritmo sobre as pedras de outro ser;
desiludido segue aqui por outra estrada
fazendo versos pra poder sobreviver...
meu coração, letra sem vida e ignorada,
pulsa em silêncio no meu corpo de não-ser;
abandonado, feito criança abortada,
espera a morte com ternura e com prazer...
meu coração, deserto imenso e assustador,
guarda fantasmas disfarçados de alegria,
feito um demônio que (sorrindo de uma dor)
esconde a vida na beleza de uma orgia...
- meu coração, desejo louco de escritor,
pulsa tranquilo no papel sem poesia!
Concepção
Para Graciete, Bárbara e Elisandra
eu já concebo o verso assim metrificado
como arquiteto que planeja um edifício
na exatidão do prumo reto e equilibrado
sem perguntar se isto é fácil ou é difícil!
eu já concebo a rima assim – intercalada,
numa urdidura trabalhosa e singular –
puxando o fio de cada sílaba marcada
pelo tecido de uma métrica “sem par”!
eu já concebo o meu soneto alexandrino
(como a matriz de uma equação vetorial)
fazendo cálculo semântico e verbal,
com meu compasso atrapalhado de menino!
eu já concebo o meu poema ornamental
como operário que dá forma ao que é divino!
Piligra é o pseudônimo de Lourival Pereira Júnior. É nascido em Itabuna, Ba. Professor universitário, possui Mestrado em filosofia pela UFPB (Universidade Federal das Paraíba). Publicou “Fractais”, 1996 e participou de “Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna”, 2009.
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