domingo, 30 de setembro de 2012

JORGE ELIAS NETO: POEMA


(William Blake)
 
 
 
Borgiana I
 
 
Atiro os cacos
do espelho partido.
Busco-os no chão,
onde as imagens se dispersaram.
 
Com o que resta na moldura,
brinco de cortar os dedos
encaixando respostas
no rosto trincado.
 
E, se, no entanto, a figura
se assemelha ao medo,
remisturo todo
o ser desfigurado.
 
Pois a faina louca
de remexer segredos
fez-me encontrar as sombras
dos dias passados.
 
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário