(Félicien Rops)
CANÇÃO DOS
MANJARES MÍSTICOS
Este pão
que comes, meu filho,
Subjaz nos
lábios da castidade
E nas terrinas
úmidas do Amor –
Sem que
para tanto necessitem
Os antigos
escravos de sua míngua
De
caridade e compaixão, tudo
Entrelaçado
enquanto os corpos
Ausentam-se
nos dias cáusticos.
Esta água
que bebes, meu filho,
Refluía ao
longo de músculos nus
E gotejava
de calhas profanas como
O
gorgolejar de luares no puro inferno –
É a
insígnia da perfeita bonança
E a paz
teria beijado o seio da guerra
Quando da
unidade adâmica surgissem
Diamantes
– adormecidos e lânguidos.
Esta arma
que empunhas, meu filho,
É o brasão
vil da mortandade oculta,
Dessas que
se escondem em armários
E ainda
assim permanecem fiéis à Musa.
Terrível
dobre de infinito censurado,
Volvei, ó
palidez, que a morte chega
Uivando à
miséria hinos de beleza amarga
E
barganhas prostradas na lama de fogo.
Este vinho
que provas, meu filho,
Já havia
embelezado as cabeleiras nuas
De pobres
dançarinas cantando absurdos
Enquanto
os poetas lamentam a alegria –
E
continuará por muito tempo ainda
Sendo o
espelho diante do qual figuram
Os
sorrisos e as lágrimas que são precárias,
Os
deleites e os êxtases que são tacanhos.
08/09/12
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