(Félicien Rops)
NÃO TE
CONVIDAREI AOS FESTINS PRIMEVOS
Não, não te convidarei aos festins primevos,
Ó minha
raquítica pomba aniquiladora –
Pois
ganhei a graciosa presença de diversas puerilidades
E nelas
não desejarei novamente me perder
Como
outrora perdia-se nos dissabores
A calmaria
de tuas breves alegrias.
Sou
tão-somente uma lira a degustar mansamente
O oposto
de tuas lembranças imaginárias,
Um forte
opositor de teus delírios megalômanos
E um
heróico gladiador na arena em que entraste,
E por isso
mesmo não te convidarei aos festins primevos,
E não te
convocarei a comparecer na docilidade do ódio
Que me
traspassa a alma quando olho o horizonte
No qual
antigamente te perdias com teus colírios
E teus
crimes de falsa moléstia lunática –
O véu da
madrugada me consome em lascívia e trêmulo
Conquisto
a primeira devassidão de meus invernos.
Portanto,
aquieta-te, cala-te, ó Ninfa!
Tu eras
criança quando te beijei as têmporas
E te
vergastei o espírito como perfeito varão –
Eras um
rouxinol deitado à sombra de um carvalho
E o vinho
que provavas ainda era muito quente.
Que
séculos de não-existência possam me consolar
No momento
em que de teus claros e pálidos olhos
Minha vida
extrair sepulcral alimento para a claridade;
E não
acredito mais em solidões desencantadas
E não te
convidarei aos festins primevos.
09/09/12
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