(Félicien Rops)
NOS
PÂNTANOS OU NAS GRANDES MATAS
Nos
pântanos ou nas grandes matas
É que me
esqueço de onde vinham os gritos,
Roucos
gritos de amantes inválidos
Suplicando
por pão ou um pouco de paz,
Pois era
outono e a voz de qualquer pássaro
Sequer
transpunha o limiar de minha decência,
Quando
pálido e morto eu viesse falar
De amores
surdos estremecendo ao sol.
E era
ainda a temerária exatidão
E não por
frioleira de espírito ou candura,
Mas por
simples desejo irrefreável
Meu
coração derramou mais lágrimas
Do que
podem suportar as brisas marítimas,
E a morte
de minha amada gritará para meus olhos –
“Corre e vigia a primeira constelação que deste
À confraria dos eternos e santos vagabundos!”
Não sou
digno deste momento inefável,
Não me
julgueis digno do Amor intocável,
Pois que
em meu peito repousa o remorso
De haver
mentido para os cálices dourados
Acerca da
miséria que me prometeram príncipes
E
sacerdotes, portanto não me digais
Que terei
ainda uma voz e um punhado de dedos
Para
apalpar o brilhante mistério de minha nudez.
07/09/12
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