sábado, 26 de março de 2011

JOAQUIM BRASIL FONTES: DO AMOR

(Paul Delvaux)

Na tragédia, na lírica, nos contos ligeiros: no contexto que hoje chamaríamos de literário, o amor, longe de ser um valor positivo, cai sobre homens e deuses como castigo, maldição, doença. É também como patologia que ele faz sua entrada nos discursos filosóficos e moralizantes: Lucrécio mostra “que a saúde mental consiste em procurar sabiamente os prazeres de Vênus à esquerda ou à direita”. A obsessão sexual por um objeto único é uma forma de loucura ou furor, palavra com que os latinos indicavam o amor imoderado: irracional, doentio, sem justa medida. A ordenação do mundo clássico exige uma higiene regulando o uso dos corpos nos aphrodisia, isto é, atos, gestos, contatos que proporcionam certa forma de prazer. Figura exemplar dos venerea possíveis e permitidos é a Leocônoe da ode horaciana, a quem o poeta aconselha: “Enquanto conversamos, foge o tempo, invejoso. Colhe o dia!”.


Eros, tecelão de mitos. Ed. Iluminuras.

9 comentários:

  1. Para as árvores de uma praça(escrita em março de 2.011- publicado em outro site)
    (poesia minha, e inédita)



    Árvores setenárias
    referências urbanas pictóricas
    tenho vontade de ficar abraçada
    a vocês, para que me transmitam energia
    para que me fundam à permeável natureza
    do planeta.

    vocês conhecem nossos pensamentos
    vocês já viram de tudo nessa vida
    são testemunhas de histórias populares
    e ainda assim conseguem cumprir a função
    de ecológicos nichos renitentes
    abrigos de pequenos ecossistemas
    condomínios de pássaros
    refugiados da guerra contra a natureza
    cidades de concreto para insetos
    e flores
    paredes que guardam segredos de diversos amores,

    raízes salientes
    sulcando a terra de forma candente

    e eu sou como uma de vocês
    eu sinto meus sulcos, e as plantas dos meus pés
    e dos meus impulsos
    fortemente enraizadas no chão
    em deus natureza eu ponho ainda minha fé
    só tenho a esse como meu mundo
    extensão das minhas raízes sempre no chão.

    …feito criança
    ainda tenho uma esperança
    de me balançar nos seus galhos
    me virando de cabeça para baixo
    sentindo o forte aroma da terra
    e do orvalho
    esquecida , num dia claro ou cinzento
    ouvindo de longe ou de perto os carros
    sentindo o aroma do etanol
    misturado ao cheiro das flores
    trazido pelo vento.

    Ah, a vida não cabe num vidro de formol…
    Ela é expansiva.

    Enviado por: NIHIL

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  2. Desculpem, eu me considero poeta "amadora", e mandei uma poesia minha para o espaço de comentários,por não haver conseguido me tornar seguidora do blog.

    Tentarei me tornar "seguidora',para postar as próximas poesias,em destaque.

    Achei o mesmo na web, no último domingo- vocês estão de parabéns pelo mesmo.(é um mundo...)

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  3. Prezada Nihil, seja bem vinda ao Poesia Diversa!

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  4. -publicado em outro site,em 29 de março de 2.011.

    Meu amor (como substantivo para classificar um sentimento)

    …tem a potência de um gigante
    é desejoso,é desejante
    é afável, é cortês,é galante
    é educado,é gentil, é verso e anverso,
    é diafragmático,
    é simpático,
    é didático,

    às vezes, ele começa no baixo ventre,
    e sobe pela espinha até o coração,
    ele começa no coração às vezes,
    e vai para a cabeça,
    mas dali desce para sempre
    para o baixo ventre.

    quando esse amor é fraterno
    quando ele é parente
    quando ele é distante
    quando ele não é tão candente
    ao ponto de ficarmos achando
    que nem está presente

    então ele começou em outro lugar
    e esqueceu de se apresentar,
    ele é aquele que não é visto
    quando procurado
    mas que oferece sempre o ombro amigo
    quando necessitado
    ele oferta cuidados
    salva o invisivel e o distante
    gosta das flores e dos bichos
    justifica os amplos cuidados
    comunitários
    formou as sociedades
    produziu costumes e hábitos
    de convivência
    preenche os corações
    com as fatidicas paixões
    com as engraçadas amizades

    mas o meu amor
    e com isso,indico meus sentimentos
    sejam quais forem
    as suas variações
    ou sua variação
    sempre é radical
    é intenso
    é colorido,é multiverso
    é uma árvore
    de raízes gigantescas
    de copas magnificas
    e floridas
    que se estendem ao infinito
    suprema felicidade
    da minha alma,é vida e é abrigo
    é minha razão inconsciente
    e inconsistente
    de viver.

    Meu amor
    é uma figura que já se fez
    de alguns codinomes
    e a cada vez que me apaixonei
    de verdade
    pensei que estava perdida
    mas eu me perdi mesmo foi na espiral
    desse labirinto espiritual
    que é o mistério de amar

    pão para muitas barrigas famintas.

    Meu amor,
    Um namorado,um amigo,um nerd nerd em computador
    Meus amores, amigos de todos os tempos
    parentes,menina que gosta de dança
    gatos,cachorros e vasos de planta,
    mundo em eterna mudança,

    Meus melhores sentimentos
    mesmo quando nem mais percebo a existência dos mesmos,ou do mesmo amor,
    Meu amor de presente para vocês

    visíveis e invisíveis
    não existentes e existentes
    factíveis
    parceiros das baladas de sempre.

    Enviado por: NIHIL

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  5. Minha linguagem- publicado em outro site,em 10 de março.


    Eu não tenho mais medo
    de escrever
    com a finalidade de entreter
    mas tenho reservas
    contra os clichês da poética
    e gosto também de pintura e desenho.

    Não tenho alma, mas tenho cérebro
    não tenho coração,
    mas tenho ego, id e superego
    não tenho anjos me orientando
    mas tenho complexos me prejudicando
    ou bons hábitos me ajudando.
    Não tenho sentimentalismos profundos
    eu tenho sim,são vínculos
    -bem ou mal resolvidos
    com um erotismo fecundo
    as musas que me inspiram mais
    são as prosas inteiradas,da psicologia,
    com suas entidades reveladoras da identidade.

    Moderninha
    se ouço filosofia
    eu a interpreto de forma alternativa,

    Sou uma provinciana
    mas também sou uma molecona
    com voz de falsete,
    posso estender o tapete
    para bons amores
    posso poetar sobre parentes
    e sobre flores,
    embora eu tenha vergonha de ser conhecida
    como sentimental
    prefiro ser uma moça
    que estuda a problemática comportamental
    e que pensa a velha libertação da alma,
    como uma emancipação hormonal e psíquica.

    …mas no fundo,sou mesmo uma bobona
    com medo de parecer piegas-
    posso hoje em dia,
    ser materialista e provinciana
    mas nunca deixei, no fundo, do fundo,
    do meu sótão escuro
    de ser uma esperançosa na condição humana,
    de ser uma esperançosa poeta.

    Enviado por: NIHIL

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  6. O texto que se seguirá,não tem rimas,mas é um texto poético.
    Publicado em outro site,no último seis de abril,mas na verdade, escrito por mim,em 1.980.
    Poderá ser lido,como uma "prosa ecológica".


    "Mundos oníricos paralelos
    º
    º

    No jardim, as plantas e as flores conversavam todas entre si,com frequência,porque nunca havia nada para se fazer.
    Não havia passeios - não havia como sair do chão.
    Nada conheciam da vida, nem concebiam como eram as viagens, porque para se ter a idéia de como é uma coisa,é necessário ter os membros do corpo adequados àquela experiência.
    E as conversas desses vegetais versavam só sobre o visto.
    Sobre as sensações.
    Os arranhões,as dores,a fome, as sensações cinestésicas.
    Não tinham pai, não tinham mãe, não tinham afins, mas eram afins-quimica e mentalmente.
    Solidarizavam-se no sol e na chuva.
    A vida era eminentemente uma ode à sensualidade, uma canção cinestésica, um pacote explosivo de sensações pelos corpos, pelos poros.
    Se pudéssemos ouvir as flores, elas estariam sempre aos gritos, aos berros, de alegria,ou de desespero.
    As mais velhas aconselhavam as plantinhas que brotavam do chão- e as “mocinhas” que abriam os botões.
    Não havia como dizer de que forma deveriam se proteger da tesoura das mulheres humanas, dos predadores, da poluição incipiente das ruas- e nesse tempo, ainda haviam poucos carros.
    O aconselhamento, era a devoção ao deus sol.
    Talvez, a “verdade” estivesse com ele.
    Uma margarida, num enorme canteiro de margaridas, abria-se em flor.
    Ela se revoltava contra o seu destino cinestésico, e não gostava da idéia de só viver, se alimentar, fazer a fotossintese, e parir simplesmente o tempo inteiro.
    Acabou fazendo amizade com os beija flores.
    Eles tentavam passar à mesma a idéia de como eram as viagens, e as andanças dos animais que tem pés.
    Ela não percebia que enquanto os escutava, não só os alimentava, mas espalhava por muitos cantos, suas sementes.
    Acabaria um dia alertada de que ia ter muitos filhos- ou filhas margaridas, cujos destinos ela nem jamais sonharia.
    Ela já se rendia a essa altura, à sua sina cinestésica.
    Gostava da sensação de ver suas sementes serem levadas embora, pelo vento e pelos pássaros.
    De todas as flores do jardim, era a que mais se virava para o sol, fosse em qual direção ele estivesse.
    Passou a desenvolver um complexo de onipotência.
    Ela era um imenso “falo” parindo o tempo inteiro, toda a vida, em sensações explosivas de vinculação à vida material, e complementações por todos os lados.
    Bem mais do que outras flores.
    Um dia, exagerou em seu zelo, e quis ser o sol.
    O sol, o qual- segundo diziam, se realizava dando a vida a plantas, animais, animais homens, insetos, vermes.
    Deixando-se levar por uma grande tempestade, acabou saindo do chão, finalmente, e realizando sua fantasia de menina.
    Caminhou para outro lugar, mesmo sem ter pés.
    Voou, voou, voou.
    Morreu para aquela vida de margarida.
    Sua raiz foi enterrada no chão pela dona da outra casa.
    Tempos depois, ela renascia, mas não era mais a mesma.
    Havia se transformado em várias, com as mesmas inclinações.
    Os campos agrícolas, as paragens rurais renasciam nas primaveras.
    As flores, independentemente do que eram e do que pensavam, cobriam esses campos.
    Assim elas eram, que nem nós.
    Nossas vidas, muitas vezes, seguem à revelia, e vamos cumprindo nossos papéis, por causa ou apesar de tudo.

    Enviado por: NIHIL

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  7. Os versos que serão vistos, foram escritos em 1.991,por causa de uma paixão encerrada,e foram refeitos em abril desse ano,e publicados em outro blog- nesse mês.
    º
    º
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    "Freud explica


    É uma tal história
    de um amor que não queremos
    é uma luta sem glória
    entre o instinto e o pensamento”,

    Perigo,
    não há na companhia mútua
    um beneficio
    não há para eles uma saga futura
    nem alegria possível.

    lutam, e só há perdas
    apagam-se como duas velas
    sofrem em abstinência
    sentem-se na miséria
    longe - em complacências
    mas tão logo retomam a música de acapela
    passam a merecer todas as condolências,

    seus corpos- e olhos,contudo
    chamam um ao outro
    para o infortúnio
    amor insano e louco
    instrumento de tortura
    insano gozo

    que não é um masoquismo,como se pode pensar,
    mas que é uma festa
    à revelia, como velas acesas para o mar,
    numa festa de Iemanjá.

    Apesar de todas as boas decisões,
    é só se verem
    e se perdem nas palavras mútuas
    nas batidas dos seus corações
    no contato da pele,
    enquanto admitem
    tristes,
    que juntos,não farão fortuna.

    Um dia, esse quebranto teve fim,
    Um fim forçado,quase hipócrita
    - mas poderia ter sido um dia de glória,
    a moça, incógnita
    para se refazer inteira e afim,

    desceu a serra do mar,
    foi tomar um banho na praia de Bertioga
    nadou na costa por uma hora
    e conseguiu nele,não pensar mais,
    por um tempo,
    embora no seu coração, em silêncio
    a lembrança daqueles olhos brilhantes,
    lhe fôsse uma memória cortante.

    Eles tentaram voltar, ficaram amigos
    se é que era possível,
    a vida passou, o encanto se dissipou
    mas ainda nos dias de hoje,
    de perto ou de longe,
    nenhum de ambos olha para o redemoinho
    dos estranho brilho no firmamento
    dos olhos mútuos
    - que um dia produziu um amor sem futuro
    cujas cinzas ainda exalam fumaça
    a incendiar outros corações em brasa,
    enquanto eles apenas procuram entender,
    porque amar,-muitas vezes,também é sofrer,
    e perder."

    Enviado por: NIHIL

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  8. 24/3/11
    a liberdade


    A liberdade dói
    em todos os músculos
    é um vento que corrói
    que eleva fantasmas e vultos,
    Uma luz insuportável
    nasce no horizonte
    ela cega os olhos
    essa candência é sem controle,
    não temos amparo
    nem anteparo
    podemos ir para aqui
    para ali
    para o lado
    não discernimos o certo,
    ou o errado,
    quem é o mago esperto
    que nos mostrará o atalho,
    hoje em dia, ninguém conhece
    nem a rua onde mora
    eu ando com um gps
    eu ando com a mochila nas costas,
    liberdade é perda e ganho
    é complacência
    é dúvida, é engano
    é indecisão
    é o amor que se tem no coração
    pode ser que seja simulação.
    Luzes da rua,
    meus santos,
    essas horas são suas,
    por favor, nos iluminem.


    Enviado por: NIHIL

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  9. Eu demorei para esquecer um primeiro amor -infanto-juvenil.
    Fiquei uns anos "encerrada naquilo".
    A poesia abaixo,foi escrita em 1.982, e revista- e publicada em outro blog, em junho desse ano.
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    º
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    Amor Platônico



    Eu sinto um amor que não precisa se concretizar
    que existe de si,para favorecer a si mesmo
    Que existe pela arte de amar
    que troca os fins pelos meios,


    Disse o sr.Platão
    que existe um contato em elevação
    que satisfaz muito o coração
    vinculando almas gêmeas em mútua devoção,


    Um grande amor para eu,serviria como parceria
    para se montar uma ONG
    eu nessa vida,
    amo de forma apenas comum, a você,
    Príncipe
    e não fico triste,


    de me satisfazer só de sorrir,ao pensar
    em seu sorriso…mas você não tem senso de humor
    eu lhe tenho amor
    o amor pela arte de a você amar,


    Essa noite eu divaguei com você
    sempre preferi
    -agora vi
    um amor na imaginação
    que não tem como prejudicar ou favorecer
    que toca no coração como uma sublime canção
    que é como uma vida em pura projeção
    e abstração
    que é uma sublimidade onde só se pensa o bem
    -porque é uma história onde não existe o sofrer
    já que não existe a eterna consumação
    com direito à alegria,dor e solidão.


    Fico assim só com os impulsos
    como se eles sozinhos,resolvessem a saga do futuro,
    tal e qual um amigo chamado Hosaka e sua princesa loira
    somos só eu e você num mundo
    de faz de conta
    num mundo que já poderia começar a ser
    feito de bits e de arrobas,
    mas nem seu e-mail eu ainda sei,


    Amor platônico
    seria um amor puro
    mas segundo os mais mocorogos
    amor assim,é um amor sem futuro
    que serve para preencher de belas frases
    os muros das escolas, e das cidades
    e sulcar com desenhos de corações infartados
    as árvores dos canteiros molhados
    das praças exuberantes perto dos pátios
    de fóruns municipais
    onde se realizam as marchas nupciais
    dos amores menos vãos.


    E eu choro de breve melancolia
    mas sinto satisfação
    com esse “faz de conta que é vida”,
    é amor mesmo esse que habita o coração
    -mas nunca verá a luz do dia.

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