Na tragédia, na lírica, nos contos ligeiros: no contexto que hoje chamaríamos de literário, o amor, longe de ser um valor positivo, cai sobre homens e deuses como castigo, maldição, doença. É também como patologia que ele faz sua entrada nos discursos filosóficos e moralizantes: Lucrécio mostra “que a saúde mental consiste em procurar sabiamente os prazeres de Vênus à esquerda ou à direita”. A obsessão sexual por um objeto único é uma forma de loucura ou furor, palavra com que os latinos indicavam o amor imoderado: irracional, doentio, sem justa medida. A ordenação do mundo clássico exige uma higiene regulando o uso dos corpos nos aphrodisia, isto é, atos, gestos, contatos que proporcionam certa forma de prazer. Figura exemplar dos venerea possíveis e permitidos é a Leocônoe da ode horaciana, a quem o poeta aconselha: “Enquanto conversamos, foge o tempo, invejoso. Colhe o dia!”.
Eros, tecelão de mitos. Ed. Iluminuras.
Para as árvores de uma praça(escrita em março de 2.011- publicado em outro site)
ResponderExcluir(poesia minha, e inédita)
Árvores setenárias
referências urbanas pictóricas
tenho vontade de ficar abraçada
a vocês, para que me transmitam energia
para que me fundam à permeável natureza
do planeta.
vocês conhecem nossos pensamentos
vocês já viram de tudo nessa vida
são testemunhas de histórias populares
e ainda assim conseguem cumprir a função
de ecológicos nichos renitentes
abrigos de pequenos ecossistemas
condomínios de pássaros
refugiados da guerra contra a natureza
cidades de concreto para insetos
e flores
paredes que guardam segredos de diversos amores,
raízes salientes
sulcando a terra de forma candente
e eu sou como uma de vocês
eu sinto meus sulcos, e as plantas dos meus pés
e dos meus impulsos
fortemente enraizadas no chão
em deus natureza eu ponho ainda minha fé
só tenho a esse como meu mundo
extensão das minhas raízes sempre no chão.
…feito criança
ainda tenho uma esperança
de me balançar nos seus galhos
me virando de cabeça para baixo
sentindo o forte aroma da terra
e do orvalho
esquecida , num dia claro ou cinzento
ouvindo de longe ou de perto os carros
sentindo o aroma do etanol
misturado ao cheiro das flores
trazido pelo vento.
Ah, a vida não cabe num vidro de formol…
Ela é expansiva.
Enviado por: NIHIL
Desculpem, eu me considero poeta "amadora", e mandei uma poesia minha para o espaço de comentários,por não haver conseguido me tornar seguidora do blog.
ResponderExcluirTentarei me tornar "seguidora',para postar as próximas poesias,em destaque.
Achei o mesmo na web, no último domingo- vocês estão de parabéns pelo mesmo.(é um mundo...)
Prezada Nihil, seja bem vinda ao Poesia Diversa!
ResponderExcluir-publicado em outro site,em 29 de março de 2.011.
ResponderExcluirMeu amor (como substantivo para classificar um sentimento)
…tem a potência de um gigante
é desejoso,é desejante
é afável, é cortês,é galante
é educado,é gentil, é verso e anverso,
é diafragmático,
é simpático,
é didático,
às vezes, ele começa no baixo ventre,
e sobe pela espinha até o coração,
ele começa no coração às vezes,
e vai para a cabeça,
mas dali desce para sempre
para o baixo ventre.
quando esse amor é fraterno
quando ele é parente
quando ele é distante
quando ele não é tão candente
ao ponto de ficarmos achando
que nem está presente
então ele começou em outro lugar
e esqueceu de se apresentar,
ele é aquele que não é visto
quando procurado
mas que oferece sempre o ombro amigo
quando necessitado
ele oferta cuidados
salva o invisivel e o distante
gosta das flores e dos bichos
justifica os amplos cuidados
comunitários
formou as sociedades
produziu costumes e hábitos
de convivência
preenche os corações
com as fatidicas paixões
com as engraçadas amizades
mas o meu amor
e com isso,indico meus sentimentos
sejam quais forem
as suas variações
ou sua variação
sempre é radical
é intenso
é colorido,é multiverso
é uma árvore
de raízes gigantescas
de copas magnificas
e floridas
que se estendem ao infinito
suprema felicidade
da minha alma,é vida e é abrigo
é minha razão inconsciente
e inconsistente
de viver.
Meu amor
é uma figura que já se fez
de alguns codinomes
e a cada vez que me apaixonei
de verdade
pensei que estava perdida
mas eu me perdi mesmo foi na espiral
desse labirinto espiritual
que é o mistério de amar
pão para muitas barrigas famintas.
Meu amor,
Um namorado,um amigo,um nerd nerd em computador
Meus amores, amigos de todos os tempos
parentes,menina que gosta de dança
gatos,cachorros e vasos de planta,
mundo em eterna mudança,
Meus melhores sentimentos
mesmo quando nem mais percebo a existência dos mesmos,ou do mesmo amor,
Meu amor de presente para vocês
visíveis e invisíveis
não existentes e existentes
factíveis
parceiros das baladas de sempre.
Enviado por: NIHIL
Minha linguagem- publicado em outro site,em 10 de março.
ResponderExcluirEu não tenho mais medo
de escrever
com a finalidade de entreter
mas tenho reservas
contra os clichês da poética
e gosto também de pintura e desenho.
Não tenho alma, mas tenho cérebro
não tenho coração,
mas tenho ego, id e superego
não tenho anjos me orientando
mas tenho complexos me prejudicando
ou bons hábitos me ajudando.
Não tenho sentimentalismos profundos
eu tenho sim,são vínculos
-bem ou mal resolvidos
com um erotismo fecundo
as musas que me inspiram mais
são as prosas inteiradas,da psicologia,
com suas entidades reveladoras da identidade.
Moderninha
se ouço filosofia
eu a interpreto de forma alternativa,
Sou uma provinciana
mas também sou uma molecona
com voz de falsete,
posso estender o tapete
para bons amores
posso poetar sobre parentes
e sobre flores,
embora eu tenha vergonha de ser conhecida
como sentimental
prefiro ser uma moça
que estuda a problemática comportamental
e que pensa a velha libertação da alma,
como uma emancipação hormonal e psíquica.
…mas no fundo,sou mesmo uma bobona
com medo de parecer piegas-
posso hoje em dia,
ser materialista e provinciana
mas nunca deixei, no fundo, do fundo,
do meu sótão escuro
de ser uma esperançosa na condição humana,
de ser uma esperançosa poeta.
Enviado por: NIHIL
O texto que se seguirá,não tem rimas,mas é um texto poético.
ResponderExcluirPublicado em outro site,no último seis de abril,mas na verdade, escrito por mim,em 1.980.
Poderá ser lido,como uma "prosa ecológica".
"Mundos oníricos paralelos
º
º
No jardim, as plantas e as flores conversavam todas entre si,com frequência,porque nunca havia nada para se fazer.
Não havia passeios - não havia como sair do chão.
Nada conheciam da vida, nem concebiam como eram as viagens, porque para se ter a idéia de como é uma coisa,é necessário ter os membros do corpo adequados àquela experiência.
E as conversas desses vegetais versavam só sobre o visto.
Sobre as sensações.
Os arranhões,as dores,a fome, as sensações cinestésicas.
Não tinham pai, não tinham mãe, não tinham afins, mas eram afins-quimica e mentalmente.
Solidarizavam-se no sol e na chuva.
A vida era eminentemente uma ode à sensualidade, uma canção cinestésica, um pacote explosivo de sensações pelos corpos, pelos poros.
Se pudéssemos ouvir as flores, elas estariam sempre aos gritos, aos berros, de alegria,ou de desespero.
As mais velhas aconselhavam as plantinhas que brotavam do chão- e as “mocinhas” que abriam os botões.
Não havia como dizer de que forma deveriam se proteger da tesoura das mulheres humanas, dos predadores, da poluição incipiente das ruas- e nesse tempo, ainda haviam poucos carros.
O aconselhamento, era a devoção ao deus sol.
Talvez, a “verdade” estivesse com ele.
Uma margarida, num enorme canteiro de margaridas, abria-se em flor.
Ela se revoltava contra o seu destino cinestésico, e não gostava da idéia de só viver, se alimentar, fazer a fotossintese, e parir simplesmente o tempo inteiro.
Acabou fazendo amizade com os beija flores.
Eles tentavam passar à mesma a idéia de como eram as viagens, e as andanças dos animais que tem pés.
Ela não percebia que enquanto os escutava, não só os alimentava, mas espalhava por muitos cantos, suas sementes.
Acabaria um dia alertada de que ia ter muitos filhos- ou filhas margaridas, cujos destinos ela nem jamais sonharia.
Ela já se rendia a essa altura, à sua sina cinestésica.
Gostava da sensação de ver suas sementes serem levadas embora, pelo vento e pelos pássaros.
De todas as flores do jardim, era a que mais se virava para o sol, fosse em qual direção ele estivesse.
Passou a desenvolver um complexo de onipotência.
Ela era um imenso “falo” parindo o tempo inteiro, toda a vida, em sensações explosivas de vinculação à vida material, e complementações por todos os lados.
Bem mais do que outras flores.
Um dia, exagerou em seu zelo, e quis ser o sol.
O sol, o qual- segundo diziam, se realizava dando a vida a plantas, animais, animais homens, insetos, vermes.
Deixando-se levar por uma grande tempestade, acabou saindo do chão, finalmente, e realizando sua fantasia de menina.
Caminhou para outro lugar, mesmo sem ter pés.
Voou, voou, voou.
Morreu para aquela vida de margarida.
Sua raiz foi enterrada no chão pela dona da outra casa.
Tempos depois, ela renascia, mas não era mais a mesma.
Havia se transformado em várias, com as mesmas inclinações.
Os campos agrícolas, as paragens rurais renasciam nas primaveras.
As flores, independentemente do que eram e do que pensavam, cobriam esses campos.
Assim elas eram, que nem nós.
Nossas vidas, muitas vezes, seguem à revelia, e vamos cumprindo nossos papéis, por causa ou apesar de tudo.
Enviado por: NIHIL
Os versos que serão vistos, foram escritos em 1.991,por causa de uma paixão encerrada,e foram refeitos em abril desse ano,e publicados em outro blog- nesse mês.
ResponderExcluirº
º
º
"Freud explica
É uma tal história
de um amor que não queremos
é uma luta sem glória
entre o instinto e o pensamento”,
Perigo,
não há na companhia mútua
um beneficio
não há para eles uma saga futura
nem alegria possível.
lutam, e só há perdas
apagam-se como duas velas
sofrem em abstinência
sentem-se na miséria
longe - em complacências
mas tão logo retomam a música de acapela
passam a merecer todas as condolências,
seus corpos- e olhos,contudo
chamam um ao outro
para o infortúnio
amor insano e louco
instrumento de tortura
insano gozo
…
que não é um masoquismo,como se pode pensar,
mas que é uma festa
à revelia, como velas acesas para o mar,
numa festa de Iemanjá.
Apesar de todas as boas decisões,
é só se verem
e se perdem nas palavras mútuas
nas batidas dos seus corações
no contato da pele,
enquanto admitem
tristes,
que juntos,não farão fortuna.
Um dia, esse quebranto teve fim,
Um fim forçado,quase hipócrita
- mas poderia ter sido um dia de glória,
a moça, incógnita
para se refazer inteira e afim,
desceu a serra do mar,
foi tomar um banho na praia de Bertioga
nadou na costa por uma hora
e conseguiu nele,não pensar mais,
por um tempo,
embora no seu coração, em silêncio
a lembrança daqueles olhos brilhantes,
lhe fôsse uma memória cortante.
Eles tentaram voltar, ficaram amigos
se é que era possível,
a vida passou, o encanto se dissipou
mas ainda nos dias de hoje,
de perto ou de longe,
nenhum de ambos olha para o redemoinho
dos estranho brilho no firmamento
dos olhos mútuos
- que um dia produziu um amor sem futuro
cujas cinzas ainda exalam fumaça
a incendiar outros corações em brasa,
enquanto eles apenas procuram entender,
porque amar,-muitas vezes,também é sofrer,
e perder."
Enviado por: NIHIL
24/3/11
ResponderExcluira liberdade
A liberdade dói
em todos os músculos
é um vento que corrói
que eleva fantasmas e vultos,
Uma luz insuportável
nasce no horizonte
ela cega os olhos
essa candência é sem controle,
não temos amparo
nem anteparo
podemos ir para aqui
para ali
para o lado
não discernimos o certo,
ou o errado,
quem é o mago esperto
que nos mostrará o atalho,
hoje em dia, ninguém conhece
nem a rua onde mora
eu ando com um gps
eu ando com a mochila nas costas,
liberdade é perda e ganho
é complacência
é dúvida, é engano
é indecisão
é o amor que se tem no coração
pode ser que seja simulação.
Luzes da rua,
meus santos,
essas horas são suas,
por favor, nos iluminem.
Enviado por: NIHIL
Eu demorei para esquecer um primeiro amor -infanto-juvenil.
ResponderExcluirFiquei uns anos "encerrada naquilo".
A poesia abaixo,foi escrita em 1.982, e revista- e publicada em outro blog, em junho desse ano.
º
º
º
Amor Platônico
Eu sinto um amor que não precisa se concretizar
que existe de si,para favorecer a si mesmo
Que existe pela arte de amar
que troca os fins pelos meios,
Disse o sr.Platão
que existe um contato em elevação
que satisfaz muito o coração
vinculando almas gêmeas em mútua devoção,
Um grande amor para eu,serviria como parceria
para se montar uma ONG
eu nessa vida,
amo de forma apenas comum, a você,
Príncipe
e não fico triste,
de me satisfazer só de sorrir,ao pensar
em seu sorriso…mas você não tem senso de humor
eu lhe tenho amor
o amor pela arte de a você amar,
Essa noite eu divaguei com você
sempre preferi
-agora vi
um amor na imaginação
que não tem como prejudicar ou favorecer
que toca no coração como uma sublime canção
que é como uma vida em pura projeção
e abstração
que é uma sublimidade onde só se pensa o bem
-porque é uma história onde não existe o sofrer
já que não existe a eterna consumação
com direito à alegria,dor e solidão.
Fico assim só com os impulsos
como se eles sozinhos,resolvessem a saga do futuro,
tal e qual um amigo chamado Hosaka e sua princesa loira
somos só eu e você num mundo
de faz de conta
num mundo que já poderia começar a ser
feito de bits e de arrobas,
mas nem seu e-mail eu ainda sei,
Amor platônico
seria um amor puro
mas segundo os mais mocorogos
amor assim,é um amor sem futuro
que serve para preencher de belas frases
os muros das escolas, e das cidades
e sulcar com desenhos de corações infartados
as árvores dos canteiros molhados
das praças exuberantes perto dos pátios
de fóruns municipais
onde se realizam as marchas nupciais
dos amores menos vãos.
E eu choro de breve melancolia
mas sinto satisfação
com esse “faz de conta que é vida”,
é amor mesmo esse que habita o coração
-mas nunca verá a luz do dia.