Os mosaicos bizantinos, com suas figuras retiradas dos elementos de uma paisagem pastoril e seus personagens emprestados da história santa e política (o imperador: símbolo político da transcendência divina), animam-se subitamente com uma vida radiosa sob o efeito da luz ou daquela, exterior, de um céu que se agita; e, por menos que o espectador que os contempla desloque-se diante deles, é como se (tal como em Ravena), pouco a pouco, todo o afresco se incendiasse. Captando a luz que neles incide, para em seguida espalhar-se num fluxo de vibrações moduladas ao infinito, as tésseras – esses pequenos cubos esmaltados de vermelho, verde, azul e dourado que, com os cubos de mármore, formam a textura e o conjunto dos mosaicos – , sempre com ligeiro declive umas em relação às outras, desempenham magnificamente sua função teológica. Como que agitadas por uma via oriunda de outro lugar, as formas das figuras e suas significações particulares apagam-se em cintilante esplendor. Não há mais aparências sensíveis. Solitária, flameja, para anulá-las, a irrupção de um aparecer, a da presença infinita no seu ato autofânico. Elevar o homem à luz divina através da qual tudo é beleza; solicitar, ao contrário, que a luz divina desça para nele se manifestar: essas são, na arte bizantina dos mosaicos, as duas virtudes conjuntas, cujo encontro é uma metáfora estética da saudação.
(Michel Ribon, A arte e a natureza. Ed. Papirus)
Como é belo ver que a sacralidade não sumiu totalmente da poesia como os ultravanguardistas tanto sonham! Admiro muito este blog e adoraria que o amigo aceitasse meus poucos e simples sonetos sacros assim como de autores muito bons que indico
ResponderExcluirEstimado Rommel, obrigado pelas palavras! Mande os sonetos e indicações em meu email:
ResponderExcluirhilton.dv@terra.com.br
lindoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
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