sábado, 27 de março de 2010

BLAISE PASCAL: PENSAMENTOS

(Munch)


41

Pouca coisa nos consola porque pouca coisa nos aflige.

152

Entre nós e o inferno ou o céu não há senão o entremeio da vida, que é a coisa mais frágil do mundo.

165

O último ato é sangrento, por mais bela que seja a comédia em todo o resto. Lança-se finalmente terra sobre a cabeça e aí está para sempre.

166

Corremos despreocupados para o precipício depois de ter colocado alguma coisa à nossa frente para impedir-nos de vê-lo.

22

O poder das moscas, elas ganham batalhas, impedem a nossa alma de agir, comem o nosso corpo.

70

Se nossa condição fosse verdadeiramente feliz, não seria necessário desviarmos dela nossos pensamentos.

445

Que concluiremos de todas as nossas obscuridades senão a nossa indignidade?

709

Nós conhecemos tão pouco a nós mesmos que muitos pensam que vão morrer quando estão bem de saúde e muitos pensam que estão bem de saúde quando estão próximos de morrer, não sentindo a febre próxima ou o abscesso prestes a se formar.

434

Imagine-se certo número de homens em grilhões, todos condenados à morte, sendo que alguns são degolados a cada dia na presença dos outros; aqueles que ficam vêem a sua própria condição na de seus semelhantes e, olhando-se uns e outros na dor e sem esperança, esperam a sua vez. Essa é a imagem da condição dos homens.


Pensamentos. Ed. Martins Fontes

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