sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

STEFANNI MARION: POEMA


(Felipe Góes)


.mimeógrafo.

a zabê

ressurjo vivo neste surdo ladear
denso no arranha-céu da noite profunda.
- venha comigo, venha comigo.
sentir este senso, esta ternura
que atravessa e rasga profundo
nosso turvo melodrama juvenil.
não sentes a mesma dor em teu peito
vadiando pelos vasos de rubi?
cortinas sonoras encantam.
ouço que algo rumoreja
nas galáxias da mente onde guardo
teu corpo, tua alma e tudo de ti.
acetinado manto negro da noite
inventos de princípios cadavéricos.

água fria, água fria.
morrerias comigo, num verso e último apelo?
negra linha e agulhas pontiagudas,
costuraria suas desgraças em meu peito?
minha musa invernal
por tantos dias a sentirei
púbere mimeografada,
avistarei teus olhos nas alturas dos edifícios,
tua presença doce e lúcida teatral,
enquanto olharei a noite e lançarei
minhas palavras para que te encontrem,
sinto a transformação,
somos mulher, homem
entre gozos, flâmulas e tremores:
nossa inocência chega ao fim.

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