(Felipe Góes)
.mimeógrafo.
a
zabê
ressurjo
vivo neste surdo ladear
denso
no arranha-céu da noite profunda.
-
venha comigo, venha comigo.
sentir
este senso, esta ternura
que
atravessa e rasga profundo
nosso
turvo melodrama juvenil.
não
sentes a mesma dor em teu peito
vadiando
pelos vasos de rubi?
cortinas
sonoras encantam.
ouço
que algo rumoreja
nas
galáxias da mente onde guardo
teu
corpo, tua alma e tudo de ti.
acetinado
manto negro da noite
inventos
de princípios cadavéricos.
água
fria, água fria.
morrerias
comigo, num verso e último apelo?
negra
linha e agulhas pontiagudas,
costuraria
suas desgraças em meu peito?
minha
musa invernal
por
tantos dias a sentirei
púbere
mimeografada,
avistarei
teus olhos nas alturas dos edifícios,
tua
presença doce e lúcida teatral,
enquanto
olharei a noite e lançarei
minhas
palavras para que te encontrem,
sinto
a transformação,
somos
mulher, homem
entre
gozos, flâmulas e tremores:
nossa inocência chega ao fim.
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