(Alberto Burri)
.esquadrinhar.
vivendo
no covil de minha memória
inquilino
dessa sarna eruptiva
como
um escafandrista no oceano
canto
a canção do princípio.
viver
como um cancro,
andar
pelos buracos
aspirando
a metrópole poluída
e
não há blocos de sol pelos desvios,
apenas
um quarto e o espólio literário
avançando
as portas do inferno.
meus
pés, minhas mãos, meu corpo todo.
tudo
em desalinho
sem
coro, nem anjos ou velas.
minha
dor criminal afogando-me
como
afogaria um ramalhete inteiro,
sem
néctar ou pétalas remanescentes.
minha
ausência e minhas perdas,
minhas
letras nessas folhas sonoras.
um
dia tudo isso causará desilusão,
então
desmonto meu esquife e tento
ficar nem que seja apenas uma noite.
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