terça-feira, 11 de outubro de 2011

KARLENO BOCARRO (LEITURAS)





Um grande romancista não comporta apenas juízos sobre os fatos que compõem sua obra, mas a vivência de sua temática como fenômeno de linguagem. Seus personagens não encarnam somente um plano fictício, mas expressam por meio da ficção a semântica da vida, ou seja, sua significação como fato humano. O filósofo Karl Kraus, afirma em um de seus aforismos, “que o escritor seria aquele que diz ao público uma obra de arte”. Karleno Bocarro, em seu romance, “As almas que se quebram no chão”, representa essa máxima com a competência digna dos grandes escritores. Sua escrita clara, fruto de uma prosa realista, onde os acontecimentos são o foco da narrativa, sobretudo os que se relacionam às ações dos personagens, revela um mundo histórico em ruínas, o que faz dessas mesmas ações uma constante busca de sentido; busca malograda pela falência do contexto histórico em sua dimensão ideológica, em sua justificação dos atos e propensões dos homens. Karleno Bocarro expõe em narrativa existencial a grande questão da liberdade. Personagens como Bocas, Barad e Marco, são vítimas da vida em seu estágio estético (segundo a ótica da filosofia de Kierkegaard), onde as convicções encerram-se em expectativas volúveis ou mesmo circunstâncias fatais, como o caso de Barad. Penso nos versos do poema A Escolha, de Jorge de Lima:


Começarás escolhendo e te proibindo/entre os frutos misteriosos,/e escolhendo o que deves dar como Abel ou Caim.”


Karleno Bocarro se revela um grande escritor na medida em que narra com maestria uma das grandes temáticas da existência humana: o sentido do livre-arbítrio.


Hilton Valeriano

Um comentário:

  1. Prezado Hilton,

    fico contente pelas generosas e inteligentes palavras sobre meu romance. É uma graça, para um escritor, contar com leitor de sua qualidade,
    um forte abraço,
    Karleno.

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