terça-feira, 7 de setembro de 2010

RAIMUNDO CORREIA: SONETO


O MONGE


- "O coração da infância", eu lhe dizia,

"É manso." E ele me disse: -"Essas estradas,

Quando, novo Eliseu, as percorria,

As crianças lançavam-me pedradas..."


Falei-lhe então na glória e na alegria;

E ele - alvas barbas longas derramadas

No burel negro - o olhar somente erguia

Às cérulas regiões ilimitadas...


Quando eu, porém, falei no amor, um riso

Súbito as faces do impassível monge Iluminou...

Era o vislumbre incerto,


Era a luz de um crepúsculo indeciso

Entre os clarões de um sol que já vai longe

E as sombras de uma noite que vem perto!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário