POEMA
O olhar agudo fixado
O olhar agudo fixado
no tecido da manhã
um sol tépido
amornando a estrada
recruta pássaros
para concerto matinal
enquanto num céu
pintado de azul
o balé das gaivotas
impressiona o outono.
JANGADAS
Essas leves jangadas
JANGADAS
Essas leves jangadas
sulcando imponentes
o mar do Mucuripe
são cisnes castos
cortejando ondas
bicando marés,
velas soltas
no ar de maresia
esperança de peixe
no olhar queimado
de sol do jangadeiro.
Jangadas do Mucuripe
saturadas de sol e sal
levem para alto-mar
as brisas do meu pranto.
VERÃO
Na sala pintada de cal
VERÃO
Na sala pintada de cal
uma flauta de tempo
(tocada por um pássaro)
despertava o sono
de minha vó,
no quintal o ardor
do sol de agosto
crestava as folhas
das couves-flor
da horta do meu avô
na varanda sorrisos
de crianças alegravam
o verão.
NOTURNO PARA OBOÉ
Os embriões da noite
NOTURNO PARA OBOÉ
Os embriões da noite
ressuscitam o pêndulo
do relógio,
as horas tépidas
se arrastam
como répteis
pela circunferência
do tempo
ao longe um toque
de um oboé
põe em fuga
árias e sonatas,
lá fora as ruas
colecionam caos
enquanto nas periférias
a miséria paraninfa
suicídios.
ODE MINÍMA
As palavras
ODE MINÍMA
As palavras
revelam segredos
da tarde
que não resiste
ao assédio
do crepúsculo
( o tédio das ruas
assume seus ludíbrios)
e em pouco espaço
( réstia de tempo)
as cinzas das horas
cristalizam as sombras
da noite.
A poesia de Júlio é mesmo brilhante, Hilton. Imagens belíssimas e intensas. Gosto demais.
ResponderExcluirAbraços!
Hilton amigo, gostaria que vc trocasse as palavras no poema Noturno para Obóe,arias e sonatas, por valsa e sonatas, visto que, arias são cantadas e não tocadas.Desculpe pelo equivoco.
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